Mauro Cid desmente relatório da PF, em novo áudio obtido. É a desmoralização plena...
O tenente-coronel Mauro Cid voltou a ser o centro de uma polêmica ao questionar a veracidade dos registros de seus depoimentos prestados à Polícia Federal no âmbito da delação premiada. Em um áudio obtido pela revista Veja, ele critica duramente a forma como suas declarações teriam sido transcritas pelos investigadores, afirmando que expressões que nunca utilizou foram incluídas no documento oficial. A revelação coloca em xeque a credibilidade das investigações conduzidas pela PF e reforça as suspeitas de um viés político no tratamento do caso.
No áudio, Mauro Cid demonstra indignação ao perceber que a palavra "golpe" foi associada a ele, algo que, segundo sua versão, jamais teria dito. “Esse troço está entalado, cara. Está entalado. Você viu que o cara botou a palavra golpe, cara? Eu não falei uma vez a palavra golpe, eu não falei uma vez a palavra golpe”, desabafou. A gravação teria sido feita no primeiro semestre de 2024, período em que as tratativas da delação premiada ainda estavam em andamento.
A nova denúncia de Cid reforça a tese de que as investigações conduzidas pela Polícia Federal podem ter sido manipuladas para atender a uma narrativa específica. Se as palavras do tenente-coronel forem confirmadas, isso representaria um duro golpe à credibilidade do trabalho da PF, que já vem sendo questionado por setores que enxergam uma instrumentalização política da instituição.
O caso Mauro Cid ganhou notoriedade nos últimos anos por seu envolvimento próximo com o ex-presidente Jair Bolsonaro, atuando como seu ajudante de ordens durante o mandato. Sua delação premiada foi um dos elementos-chave para embasar investigações contra o ex-mandatário e seu círculo próximo, mas agora, com o surgimento deste novo áudio, há um grande questionamento sobre a integridade do processo.
A repercussão do áudio tem gerado debates acalorados tanto no meio jurídico quanto no cenário político. Advogados de defesa de outros investigados veem na denúncia um indício de que a condução do inquérito pode ter desrespeitado princípios básicos da legalidade e da imparcialidade. Alguns juristas defendem que, se comprovada a adulteração dos registros, o caso pode comprometer não apenas a delação de Mauro Cid, mas todo o conjunto probatório construído a partir dela.
No meio político, aliados do ex-presidente Bolsonaro têm usado o áudio para reforçar a tese de perseguição e manipulação por parte das instituições federais. Parlamentares da oposição criticam duramente a Polícia Federal e pedem investigações sobre possíveis irregularidades na condução dos depoimentos. Para eles, a inserção de palavras que não teriam sido ditas demonstra uma tentativa de forçar uma narrativa que atenda a interesses específicos.
Por outro lado, setores alinhados ao governo minimizam a denúncia e afirmam que Mauro Cid pode estar tentando se eximir de suas responsabilidades ou até mesmo invalidar sua própria delação. Para esses críticos, é necessário aguardar a verificação da autenticidade do áudio e entender em que contexto ele foi gravado antes de tirar conclusões precipitadas.
A Polícia Federal ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações do tenente-coronel, mas fontes ligadas à investigação garantem que o processo foi conduzido de maneira técnica e imparcial. No entanto, a revelação do áudio pode pressionar a PF a esclarecer os métodos adotados na transcrição dos depoimentos e na formulação dos acordos de delação premiada.
O episódio amplia ainda mais a polarização política no país e reacende a discussão sobre o papel das instituições de Estado na condução de investigações de alta relevância. Para muitos, a credibilidade da Polícia Federal e do sistema de Justiça depende da transparência e da correção dos procedimentos adotados, especialmente em casos que envolvem figuras públicas de grande influência.
A divulgação do áudio também pode ter impactos no andamento dos processos judiciais que envolvem o ex-presidente Bolsonaro e outros investigados. Se ficar comprovado que houve distorção ou manipulação das declarações de Mauro Cid, a defesa dos acusados pode utilizar esse fato para contestar a validade das provas e até mesmo solicitar a anulação de trechos do processo.
Enquanto isso, a opinião pública se divide entre aqueles que veem a denúncia como um indício de manipulação política e aqueles que acreditam que Mauro Cid pode estar tentando reverter os danos causados por sua delação. O cenário segue incerto, mas uma coisa é certa: o áudio divulgado coloca mais uma peça nesse complexo tabuleiro político e jurídico que tem marcado os últimos anos da política nacional.