Uma nova pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha revelou dados preocupantes para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o levantamento, 61% dos brasileiros acreditam que a economia do país segue na direção equivocada, enquanto apenas 32% avaliam o cenário de forma positiva. Os resultados reforçam o pessimismo predominante entre a população e representam um novo desafio para o presidente, que já enfrenta dificuldades para aprovar medidas de ajuste fiscal e garantir o crescimento econômico.
O estudo, realizado nos dias 12 e 13 de dezembro de 2024, entrevistou 2.002 pessoas em 113 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. A divulgação ocorreu pouco após o governo anunciar um pacote de ajuste fiscal, que foi amplamente criticado por especialistas e economistas. As críticas se concentraram na avaliação de que as medidas propostas seriam insuficientes para conter o desequilíbrio nas contas públicas, agravando a desconfiança da população sobre os rumos econômicos do país.
Os dados apontam que o pessimismo está presente em todas as faixas etárias. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a percepção negativa é ainda mais acentuada: 71% consideram que o Brasil está no caminho errado, enquanto apenas 23% acreditam que a direção é correta. Na faixa etária de 25 a 34 anos, 68% dos entrevistados compartilham da visão pessimista, contra 27% que enxergam o cenário atual de forma positiva. Entre os cidadãos de 35 a 59 anos, 64% avaliam o rumo econômico de forma negativa, enquanto 33% têm uma opinião favorável. Até mesmo entre os maiores de 60 anos, um grupo que historicamente costuma ter uma visão mais favorável ao governo, o pessimismo predomina, com 55% considerando que o país está no caminho errado e 36% aprovando o rumo.
As divisões por faixa de renda também chamam a atenção. Entre os entrevistados que ganham até dois salários mínimos, 55% acreditam que a economia segue na direção equivocada, enquanto 37% consideram o cenário positivo. Já entre aqueles que recebem acima de cinco salários mínimos, a insatisfação é ainda mais expressiva: 67% desaprovam os rumos econômicos, contra apenas 30% que avaliam o cenário como adequado. Esses números refletem a dificuldade do governo em reconquistar a confiança de diferentes segmentos da sociedade, incluindo os mais vulneráveis, que tradicionalmente compõem a base de apoio do presidente.
O contexto em que a pesquisa foi realizada ajuda a entender a insatisfação crescente. O pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governo federal tinha como objetivo principal equilibrar as contas públicas e controlar o déficit fiscal, que se agravou nos últimos anos. No entanto, as medidas enfrentaram resistência não apenas da oposição, mas também de aliados políticos, que as consideraram impopulares. Além disso, economistas apontaram que o plano apresentado não seria suficiente para resolver os problemas estruturais da economia brasileira, gerando ainda mais incertezas sobre o futuro.
Outro ponto que contribui para o cenário negativo é a percepção de que a inflação e o desemprego continuam altos, mesmo após esforços do governo para impulsionar o crescimento econômico. A falta de avanços concretos nas áreas que mais afetam a população, como saúde, educação e segurança, também pesa na avaliação negativa da gestão. Enquanto isso, a oposição tem aproveitado a insatisfação popular para criticar a condução econômica do governo e reforçar sua posição nas discussões sobre reformas e políticas públicas.
Para o governo Lula, os resultados da pesquisa representam um alerta importante. A insatisfação generalizada, que se espalha por diferentes faixas etárias e classes sociais, aponta para a necessidade de uma mudança de estratégia. O presidente e sua equipe econômica terão que trabalhar para reverter esse cenário e reconquistar a confiança da população. Medidas mais efetivas e ações que gerem resultados palpáveis no curto prazo podem ser essenciais para melhorar a percepção sobre os rumos do país.
Além disso, a comunicação do governo também precisa ser aprimorada. Explicar de forma clara e objetiva as medidas que estão sendo tomadas e os benefícios esperados pode ajudar a reduzir o pessimismo e a descrença da população. No entanto, a tarefa não será fácil, especialmente diante de um cenário econômico desafiador e de uma oposição fortalecida.
Com o início de 2025, o governo enfrenta a urgência de apresentar resultados concretos para retomar o crescimento econômico e melhorar a qualidade de vida da população. Os dados da pesquisa Datafolha indicam que o caminho será árduo, mas essencial para garantir a estabilidade política e social no país. Enquanto isso, a insatisfação crescente da população continua sendo um obstáculo significativo para a gestão de Lula.
