Novamente, Estadão se levanta contra o STF

Gustavo Mendex


 O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a ser alvo de críticas severas, desta vez em um editorial publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, intitulado “A credibilidade do STF em queda livre”. O texto, divulgado na última quinta-feira, dia 2, aponta para um crescente descontentamento popular com o papel desempenhado pela mais alta Corte do país. Segundo o jornal, questões como corporativismo, ativismo judicial e privilégios exacerbados têm corroído a confiança do público na instituição, apesar das declarações do STF de que atua em defesa da democracia e da civilização.


De acordo com uma pesquisa realizada pelo PoderData em dezembro, a percepção negativa sobre o STF tem se intensificado. O levantamento revelou que apenas 12% dos brasileiros classificam o desempenho da Corte como “ótimo” ou “bom”, uma queda significativa em relação aos 31% registrados anteriormente. Por outro lado, os que avaliam a atuação como “ruim” ou “péssima” subiram para 43%, reforçando a ideia de que a instituição enfrenta uma grave crise de imagem perante a sociedade.


No editorial, o Estadão acusa os ministros do STF de “perverter a lei” em benefício próprio e destaca o abismo existente entre os privilégios da magistratura e a realidade enfrentada pela população brasileira. “Os juízes, que deveriam garantir que a lei seja igual para todos, são especialistas em pervertê-la a seu favor”, afirma o texto. A crítica também menciona o custo elevado do Judiciário no Brasil, considerado o mais caro do mundo, e questiona o impacto disso na percepção pública.


O jornal vai além ao apontar possíveis razões para o descrédito do STF em relação ao restante do Judiciário. Termos como “garantismo, punitivismo, lobby e conflitos de interesse” são citados como práticas que minam a confiança na Corte. Um exemplo emblemático mencionado é a anulação de condenações no âmbito da Operação Lava Jato, incluindo casos de réus que confessaram os crimes. Segundo o editorial, essas decisões reforçam a ideia de que o STF estaria agindo de maneira questionável em momentos críticos para o país.


Outro ponto levantado pelo Estadão é o suposto ativismo judicial do STF, que teria interferido em questões de competência do Executivo e do Legislativo. Temas como aborto, drogas, internet e demarcação de terras indígenas são apontados como áreas em que a Suprema Corte teria ultrapassado seus limites, ao reescrever leis e determinar políticas públicas. Essas ações, segundo o editorial, agravam a percepção de que o STF atua fora do seu papel constitucional, desafiando o equilíbrio entre os Poderes.


O texto termina com um alerta contundente aos ministros do STF. “Se continuar semeando vento, que não se surpreenda quando colher tempestade”, afirma o editorial, sugerindo que a Corte corre o risco de enfrentar uma reação ainda mais dura da sociedade caso não reavalie suas práticas.


O cenário atual reflete um momento de tensão entre o Judiciário e a opinião pública, com críticas crescentes à atuação do STF. Enquanto a Corte se apresenta como guardiã da democracia, a percepção popular e editoriais como o do Estadão apontam para uma desconexão entre a narrativa institucional e as demandas da sociedade. A crise de confiança enfrentada pelo Supremo é emblemática de um contexto mais amplo de insatisfação com as instituições brasileiras, que precisam reconquistar a credibilidade em meio a desafios cada vez mais complexos.

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