Pesquisa revela “tombo histórico” de Lula e mais três situações doloridas para o PT
A situação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um dos momentos mais críticos desde que assumiu o comando do país. De acordo com uma análise divulgada pelo colunista José Roberto de Toledo, do portal UOL, um veículo com orientação editorial tradicionalmente associada à esquerda, a popularidade de Lula despencou de maneira histórica, revelando um cenário desafiador para o líder petista.
A constatação é baseada em uma pesquisa de opinião pública divulgada em janeiro de 2025, que aponta uma queda expressiva de cinco pontos percentuais na avaliação positiva do presidente em comparação ao mês anterior, dezembro de 2024. Contudo, os dados vão além de uma simples perda de popularidade, sinalizando uma mudança significativa no humor do eleitorado brasileiro em relação ao governo atual.
De acordo com Toledo, os cinco pontos percentuais que Lula perdeu não migraram para aqueles que consideram seu governo regular. Pelo contrário, foram diretamente adicionados ao grupo que avalia a administração como ruim ou péssima. Esse movimento resultou em um saldo negativo inédito de dez pontos, colocando o governo em uma situação delicada. Pela primeira vez desde o início de seu atual mandato, a quantidade de brasileiros que avaliam o governo como ruim ou péssimo supera aqueles que o consideram ótimo ou bom.
Esse desequilíbrio é particularmente doloroso para Lula, que encerrou seu segundo mandato, em 2010, com um índice recorde de popularidade, sendo até então considerado um dos líderes mais aprovados da história recente do Brasil. Agora, ele enfrenta um panorama totalmente distinto. Mesmo no auge de escândalos como o mensalão, em 2005, quando sua avaliação sofreu abalos, a diferença entre os que aprovavam e desaprovavam sua gestão esteve dentro da margem de erro das pesquisas. Em outras palavras, ainda havia espaço para interpretações divergentes. No entanto, o cenário atual é claro e irrefutável: há uma rejeição predominante à sua administração.
Além do impacto numérico, os dados revelam questões ainda mais preocupantes para o Partido dos Trabalhadores. A pesquisa indica que a queda na popularidade de Lula atingiu setores historicamente identificados como a base de apoio do lulismo: os mais pobres, os menos escolarizados e os moradores do Nordeste. Essas categorias, que sempre foram pilares fundamentais para a sustentação política do ex-presidente, agora demonstram uma insatisfação crescente.
Esse desgaste é particularmente simbólico, uma vez que o Nordeste foi a região que mais impulsionou a vitória de Lula nas eleições de 2022. O descontentamento entre os mais pobres e menos escolarizados também é emblemático, já que políticas voltadas para a redução da desigualdade social e a inclusão educacional sempre foram bandeiras do PT. A erosão desse apoio sugere que as dificuldades enfrentadas pelo governo na condução de questões econômicas e sociais estão sendo sentidas de forma direta por esses grupos.
Para especialistas, os fatores que contribuíram para essa queda incluem a alta inflação, os reajustes insuficientes no salário mínimo e a dificuldade em implementar políticas públicas efetivas. Além disso, a persistência de escândalos envolvendo aliados do governo e a percepção de um distanciamento entre as promessas de campanha e a realidade prática também colaboraram para aumentar a insatisfação.
A pesquisa também revela que a atual crise de popularidade representa um desafio sem precedentes para Lula em seus anos no comando do país. Em sua trajetória política, o presidente sempre se destacou pela habilidade em reverter cenários desfavoráveis, mesmo diante de graves crises. No entanto, o desgaste atual parece mais profundo e estrutural, atingindo diretamente as bases de seu apoio e levantando dúvidas sobre a capacidade do governo de reconquistar a confiança popular.
Analistas políticos destacam que a situação exige uma mudança estratégica urgente por parte do governo. Para recuperar o apoio perdido, será necessário apresentar soluções concretas para os problemas que mais afligem a população, como a inflação, o desemprego e a violência. Além disso, a comunicação com os eleitores precisará ser repensada, especialmente para reconectar o governo com os setores que historicamente o apoiaram.
Enquanto isso, a oposição aproveita o momento para intensificar as críticas e consolidar sua base. Com as eleições municipais marcadas para 2024, a queda na popularidade de Lula também pode ter repercussões significativas no desempenho do PT nas urnas, aumentando ainda mais a pressão sobre o presidente e sua equipe.
Diante desse cenário, o ano de 2025 se inicia com grandes desafios para o governo Lula. A queda histórica de sua popularidade não apenas marca um ponto de inflexão em sua trajetória política, mas também coloca em evidência a insatisfação crescente de uma parcela significativa da população. Para superar essa crise, será essencial não apenas recuperar a confiança dos eleitores, mas também demonstrar resultados concretos que justifiquem a continuidade de seu projeto político.