Plano B de Bolsonaro entra em prática imediatamente...


 O ex-presidente Jair Bolsonaro revelou nesta quarta-feira (16) que sua esposa, Michelle Bolsonaro, estará presente na posse de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. A declaração foi feita durante uma entrevista em Brasília, onde Bolsonaro também afirmou que pretende recorrer da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que negou seu pedido para participar do evento nos Estados Unidos.

A decisão de Moraes ocorreu após a solicitação de Bolsonaro para sair do Brasil com o objetivo de prestigiar o evento político de Trump, que está sendo organizado como parte de sua nova investida no cenário político norte-americano. Bolsonaro, que tem se mantido próximo de Trump e compartilha de sua ideologia conservadora, ressaltou que sua presença na posse seria um ato de reconhecimento à democracia americana, classificando o evento como de extrema relevância.

Apesar do impedimento judicial, Bolsonaro afirmou que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, representará a família na cerimônia. "No sábado de manhã, aqui no Aeroporto de Brasília, tem um voo para os Estados Unidos e minha esposa irá para lá. Ela estava convidada, juntamente comigo", declarou. Segundo ele, a ida de Michelle reforça a ligação entre sua família e o ex-presidente norte-americano, destacando o apreço mútuo entre eles. "Ele [Trump] tem um carinho para comigo. Ele gostaria de apertar a minha mão também, senão não teria me convidado."

Bolsonaro também mencionou que o convite feito por Trump se estendeu a um seleto grupo de líderes internacionais, reforçando que o gesto era um reconhecimento de sua atuação como ex-chefe de Estado. "Parece que foram cinco chefes de Estado convidados, e eu não sou chefe de Estado. Não estou indo para festa de batizado da filha ou da neta de ninguém, é um evento de posse da maior democracia do mundo", afirmou.

Recorrendo à Justiça

Além de anunciar a viagem de Michelle, Bolsonaro confirmou que recorrerá da decisão de Alexandre de Moraes, que, segundo ele, impôs restrições desnecessárias à sua liberdade de movimento. A negativa ao pedido foi vista por aliados como mais uma evidência do que chamam de perseguição judicial contra o ex-presidente. "Não é razoável que eu, como cidadão, seja impedido de exercer meu direito de ir e vir, principalmente para atender a um convite tão importante", teria confidenciado Bolsonaro a aliados próximos.

A equipe jurídica de Bolsonaro já está trabalhando para apresentar um novo recurso ao STF, buscando reverter a decisão antes do evento, que ocorrerá na próxima semana. Nos bastidores, há especulações de que a estratégia inclui apelar ao Plenário do Supremo, argumentando que o convite de Trump representa uma oportunidade única de estreitar laços diplomáticos e políticos entre Brasil e Estados Unidos.

Relação com Trump

A relação entre Jair Bolsonaro e Donald Trump é marcada por uma forte identificação política e ideológica. Durante seus respectivos mandatos, ambos promoveram políticas conservadoras, com discursos alinhados em defesa da liberdade econômica, combate ao comunismo e valorização dos valores tradicionais. Trump, por sua vez, expressou diversas vezes seu apoio a Bolsonaro, inclusive durante as eleições brasileiras.

Essa proximidade continua a influenciar a dinâmica política de ambos. Bolsonaro frequentemente cita Trump como uma inspiração para sua trajetória e, durante a entrevista, destacou a importância do ex-presidente americano no cenário político mundial. "Estamos falando da maior democracia do mundo, e Trump é um exemplo de resistência e perseverança para todos nós que acreditamos nos valores conservadores", declarou.

O papel de Michelle Bolsonaro

A viagem de Michelle Bolsonaro aos Estados Unidos também reflete a crescente atuação da ex-primeira-dama em questões públicas e diplomáticas. Desde que deixou o Planalto, Michelle tem desempenhado um papel mais ativo na promoção de pautas conservadoras, sendo apontada por analistas políticos como uma possível figura central na reestruturação da direita brasileira. Sua presença na posse de Trump é vista como uma maneira de manter viva a conexão entre os movimentos políticos liderados pelos dois ex-presidentes.

Michelle, que se destacou durante o governo Bolsonaro por seu trabalho social e forte apelo religioso, já tem agenda confirmada com líderes evangélicos norte-americanos durante sua estadia nos Estados Unidos. A expectativa é que a ex-primeira-dama também aproveite a oportunidade para reforçar a imagem de Bolsonaro junto à comunidade conservadora internacional.

Desdobramentos futuros

Enquanto a viagem de Michelle se concretiza, a indefinição sobre a participação de Jair Bolsonaro na posse de Trump continua a gerar especulações. Nos círculos políticos, há quem veja no episódio mais um capítulo do embate entre Bolsonaro e o Judiciário brasileiro, que frequentemente protagonizam tensões desde o término de seu mandato.

Para os apoiadores de Bolsonaro, sua ausência física no evento não diminui o simbolismo de sua aliança com Trump, mas reforça a narrativa de que há barreiras institucionais impostas ao ex-presidente. Já os críticos veem a tentativa de participação como uma manobra para se manter relevante na cena política.

Independentemente do desfecho judicial, o envio de Michelle Bolsonaro aos Estados Unidos consolida a presença da família no evento e fortalece a imagem de Bolsonaro como um líder conservador que mantém laços estreitos com movimentos políticos globais. Resta saber se o recurso jurídico permitirá que o ex-presidente também marque sua presença no palco internacional ao lado de Donald Trump.
Jornalista