Questões políticas interferem em decisão de Moraes sobre viagem
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) indicaram que a chance de Alexandre de Moraes autorizar a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro à posse de Donald Trump, em Washington, no dia 20 de janeiro, é extremamente baixa. De acordo com fontes da Suprema Corte ouvidas pela coluna de Bela Megale, do jornal O Globo, os fatores que influenciam a decisão são de natureza política e não técnica ou jurídica.
Entre os principais pontos mencionados pelos ministros, está a possibilidade de que a presença de Bolsonaro na posse fosse usada para gerar um grande impacto político. Um dos magistrados citou que aliados do ex-presidente poderiam explorar sua participação no evento para reforçar a narrativa de perseguição política que Bolsonaro tem defendido. De acordo com esse ponto de vista, o evento poderia servir como um palco para o ex-presidente e seus seguidores propagarem suas ideias e fortalecerem sua base de apoio, principalmente em um momento em que ele enfrenta diversas questões legais no Brasil.
Além disso, os ministros também destacaram outro fator que complica o ambiente para uma decisão favorável: a mudança na política de checagem da Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp. A alteração nas diretrizes de moderação de conteúdo da empresa pode impactar a maneira como Bolsonaro e seus aliados tentariam usar as redes sociais para amplificar a presença do ex-presidente na posse, dificultando o debate sobre a viagem.
Outro fator que pesa contra a liberação da viagem é o histórico de decisões negativas tomadas por Alexandre de Moraes em relação a Bolsonaro, incluindo a negativa do ministro em autorizar o ex-presidente a recuperar seu passaporte, necessário para viagens internacionais. Esses antecedentes, somados à atual conjuntura política, criam um cenário desafiador para o ex-presidente, que já se mostrou frustrado com as decisões desfavoráveis de Moraes e outros membros do STF.
A situação também é acompanhada com atenção pelos aliados de Bolsonaro, que estão cada vez mais céticos quanto à possibilidade de uma decisão positiva. Apesar das tentativas de reverter essa postura, como em outros casos relacionados à viagem do ex-presidente, as chances de uma mudança de postura por parte do Supremo parecem ser cada vez menores. O ambiente político em que essa decisão está sendo analisada, com disputas ideológicas intensas, aumenta a complexidade do caso.
A decisão de Moraes sobre a viagem de Bolsonaro se soma a uma série de outros acontecimentos relacionados ao ex-presidente, que continua a ser uma figura polarizadora no Brasil. Apesar das dificuldades em obter permissão para viajar, ele ainda busca manter sua relevância tanto no cenário político nacional quanto internacional. A presença na posse de Trump, que simboliza um alinhamento com a política externa do ex-presidente dos Estados Unidos, seria uma oportunidade para reforçar sua imagem de líder da direita brasileira e buscar apoio no exterior.
Com o clima tenso e politicamente carregado em torno dessa questão, a expectativa é de que a decisão final de Moraes seja amplamente comentada, não apenas no âmbito jurídico, mas também no campo político. Para muitos, a questão vai além da viagem em si, sendo vista como um reflexo das tensões políticas que continuam a marcar a política brasileira e a relação entre o ex-presidente Bolsonaro e o atual Supremo Tribunal Federal.
No entanto, os aliados de Bolsonaro ainda aguardam ansiosamente por uma reviravolta que possa permitir ao ex-presidente participar da posse de Trump. Mas, com os ministros do STF sendo categóricos quanto à natureza política da decisão, as chances de uma mudança de postura de Moraes parecem mínimas. O desenrolar desse episódio pode ter implicações significativas para o futuro político de Bolsonaro e para a relação entre o ex-presidente e a Corte Suprema, que continua a ser marcada por divergências e disputas ideológicas intensas.