Trump tem estratégia contra o regime brasileiro por perseguição a Bolsonaro
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, está considerando impor tarifas comerciais ao Brasil em resposta ao que sua equipe vê como perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal nesta quarta-feira, 15 de janeiro de 2025, e surge em meio à proibição de Bolsonaro de viajar para Washington para a cerimônia de posse de Trump, marcada para o próximo dia 20.
A impossibilidade de viagem do ex-presidente brasileiro decorre de uma decisão judicial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em fevereiro de 2024, Bolsonaro teve seu passaporte apreendido no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma série de acusações contra ele. Desde então, Bolsonaro tem enfrentado restrições e acusações que ele próprio classifica como perseguição política. “Eles estão tentando me humilhar, me pintar como o pior criminoso do mundo”, declarou ao Wall Street Journal. Bolsonaro também entrou com um pedido formal para participar da posse de Trump, incluindo o envio de um documento oficial que comprova o convite, mas até agora a liberação para sua viagem não foi concedida.
O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, reforçou a posição do STF, emitindo um parecer contra a devolução do passaporte de Bolsonaro. A demora na decisão sobre o caso chamou a atenção de aliados de Trump, que veem a situação como um indicativo de perseguição política e uma tentativa de inviabilizar a presença de Bolsonaro em eventos internacionais de relevância. Para Trump, a situação apresenta paralelos com seus próprios desafios legais nos Estados Unidos, o que fortalece sua disposição de intervir.
Fontes próximas ao presidente eleito americano afirmam que ele está disposto a adotar medidas mais duras contra governos que, em sua visão, utilizam o sistema judicial para atacar opositores políticos. Segundo o Wall Street Journal, Trump pretende utilizar tarifas comerciais como forma de pressionar países que recorram ao que ele chama de "lawfare" — o uso do sistema jurídico para fins políticos. "Trump está determinado a proteger aliados e combater o uso indevido do judiciário como arma política", afirmou uma fonte ligada à equipe de transição do republicano.
A tensão entre os dois países não é novidade, mas a situação atual eleva o clima de incerteza. A relação entre os governos brasileiro e americano já vinha se deteriorando desde as ações do STF contra o X (antigo Twitter), que incluíram a imposição de restrições sob a justificativa de combate ao discurso de ódio. Elon Musk, dono da plataforma e agora parte da equipe do novo governo Trump, criticou abertamente o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “ditador”. Esses episódios criaram um pano de fundo desfavorável para o governo Lula, que agora enfrenta a perspectiva de sanções comerciais americanas.
Especialistas avaliam que a postura de Trump é uma tentativa de consolidar sua imagem de defensor da liberdade e de opositores políticos perseguidos. No entanto, ela também pode significar um desafio diplomático significativo para o Brasil, especialmente em um momento de fragilidade econômica. A imposição de tarifas comerciais poderia atingir setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria, que têm nos Estados Unidos um de seus principais mercados consumidores.
A possível adoção de sanções contra o Brasil também gera repercussões internas. O governo Lula se vê em uma posição delicada, precisando equilibrar sua postura institucional com as tensões internacionais que podem impactar a economia e as relações comerciais do país. Analistas políticos apontam que a gestão de Lula pode enfrentar dificuldades para evitar o agravamento do desgaste diplomático, especialmente se a narrativa de perseguição política a Bolsonaro continuar a ganhar força no cenário internacional.
Enquanto isso, Trump continua a reforçar sua retórica contra governos que considera autoritários ou alinhados à esquerda global. Em discursos recentes, ele mencionou sua intenção de adotar uma postura firme contra o que chamou de "erosão da democracia", citando casos em que sistemas judiciais foram usados para silenciar opositores. Para Trump, proteger Bolsonaro vai além de uma questão diplomática; é também um posicionamento político alinhado à sua visão de liderar um movimento conservador global.
Com a posse de Trump se aproximando e a situação de Bolsonaro ainda indefinida, a expectativa é de que os próximos dias sejam decisivos para o futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos. A possibilidade de sanções comerciais aumenta a pressão sobre o governo Lula, enquanto Trump se prepara para assumir o cargo com a promessa de confrontar regimes que, segundo ele, ameaçam a liberdade política e individual.
No entanto, críticos de Trump alertam que sua abordagem pode criar divisões ainda maiores no cenário internacional e prejudicar as relações comerciais globais. Já defensores de Bolsonaro e aliados de Trump consideram que a postura firme do republicano é necessária para conter abusos e proteger valores democráticos. Independentemente dos desdobramentos, a crise envolvendo Bolsonaro, o STF e a posse de Trump promete continuar gerando repercussões tanto no Brasil quanto no cenário político internacional.