URGENTE: Lula perde força e deputados aliados do PT assinam pedido de impeachment
A crise política no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu um novo patamar com a adesão de parlamentares da base aliada ao pedido de impeachment apresentado pelo deputado Rodolfo Nogueira, do PL-MS. O movimento, que inicialmente era visto como uma iniciativa da oposição, ganhou força surpreendente dentro do próprio bloco governista, com 36 deputados de cinco partidos que compõem a base assinando o documento. A justificativa principal para o pedido são suspeitas de irregularidades no programa social Pé-de-Meia, que teria sido implementado sem a devida previsão orçamentária e sem autorização do Congresso Nacional.
A lista de signatários inclui parlamentares do MDB, União Brasil, PSD, Republicanos e PP, partidos que atualmente ocupam ministérios estratégicos como Comunicações, Turismo, Agricultura, Desenvolvimento Regional, Energia, Pesca, Transportes, Cidades, Planejamento, Esporte e Portos e Aeroportos. A presença desses nomes no pedido de impeachment é um sinal claro de que a base do governo está rachada e que o apoio ao presidente no Congresso pode estar se deteriorando.
O programa Pé-de-Meia foi criado para oferecer incentivo financeiro a estudantes do ensino médio público, mas segundo os deputados que assinam o pedido de impeachment, sua implementação desrespeitou normas fiscais. O Tribunal de Contas da União reforçou essas preocupações ao bloquear recursos do programa, após identificar que R$ 6 bilhões do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo foram transferidos sem passar pelo Tesouro Nacional. O TCU argumenta que a manobra pode configurar uma violação das regras fiscais, o que deu munição aos defensores do impeachment para comparar a situação com as pedaladas fiscais que resultaram na cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.
A oposição tem explorado o episódio para ampliar a pressão sobre o governo, destacando que a gestão petista estaria repetindo os mesmos erros do passado. Parlamentares contrários ao governo afirmam que há indícios claros de irregularidades e que o uso indevido de recursos públicos compromete a credibilidade da administração federal. A base governista, por outro lado, tem tentado minimizar o impacto do pedido, classificando-o como um movimento político sem fundamentos sólidos e garantindo que todas as exigências fiscais serão cumpridas.
No entanto, o fato de parlamentares aliados terem aderido ao pedido levanta dúvidas sobre a estabilidade do governo. O Planalto já vinha enfrentando dificuldades para manter sua base coesa, especialmente em votações importantes no Congresso. A adesão ao pedido de impeachment sugere que insatisfações internas estão crescendo e que a governabilidade de Lula pode estar em risco se o movimento ganhar mais adesão.
Nos bastidores, a expectativa é que o presidente da Câmara, Arthur Lira, decida o destino do pedido nos próximos dias. Lira, que já demonstrou proximidade com o governo em diversos momentos, agora se vê pressionado por um bloco significativo de deputados que exigem uma análise mais rigorosa do caso. Se ele decidir levar o pedido adiante, Lula enfrentará um cenário político turbulento, com investigações e debates acalorados sobre a legalidade do programa Pé-de-Meia.
Além das questões fiscais, o episódio reflete um desgaste na articulação política do governo. Nos primeiros meses de seu terceiro mandato, Lula adotou uma estratégia de distribuição de ministérios para consolidar apoio no Congresso, mas essa tática não tem garantido fidelidade absoluta dos partidos aliados. O MDB, União Brasil e PP, por exemplo, já protagonizaram embates com o governo em votações importantes, e agora dão sinais de que podem se afastar ainda mais.
O impacto do pedido de impeachment também repercute no cenário eleitoral. Com a proximidade das eleições municipais, partidos que integram a base do governo buscam se distanciar de polêmicas que possam prejudicar seus candidatos. O envolvimento do governo em uma nova crise pode enfraquecer alianças locais e comprometer o desempenho do PT e seus aliados nos pleitos de outubro.
Diante desse cenário, Lula e sua equipe precisarão intensificar as negociações para conter a crise e evitar que o pedido de impeachment ganhe ainda mais força. O governo pode tentar reverter a insatisfação de parlamentares com concessões políticas ou até mesmo buscar uma solução técnica para regularizar a situação do programa Pé-de-Meia. No entanto, a crescente pressão dentro e fora do Congresso indica que o presidente terá que lidar com um desgaste político considerável nos próximos meses.
Se o movimento pelo impeachment ganhar tração e conseguir mobilizar mais deputados, o governo poderá enfrentar um processo semelhante ao que resultou na queda de Dilma Rousseff. Caso contrário, o episódio pode servir apenas como um alerta sobre a fragilidade da base governista e a necessidade de um reforço na articulação política. De qualquer forma, a situação já representa um sério desafio para Lula, que precisa demonstrar capacidade de liderança para evitar que essa crise comprometa ainda mais seu mandato.