URGENTE: Manifestação do PGR indicado por Lula será fundamental para a ida de Bolsonaro à posse de Trump


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu início a mais um capítulo de um embate jurídico envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesta terça-feira (14), Moraes solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Paulo Gonet, indicado pelo presidente Lula, se manifeste sobre o pedido de Bolsonaro para viajar a Washington, Estados Unidos, entre os dias 17 e 22 de janeiro. O objetivo da viagem é participar da posse do presidente eleito norte-americano, Donald Trump, marcada para o dia 20.


A solicitação de Bolsonaro inclui um convite oficial de Trump, mas o ministro determinou que a defesa do ex-presidente apresente provas concretas do documento. Segundo Moraes, o pedido estava incompleto e baseado em informações questionáveis. “O pedido não veio devidamente instruído com os documentos necessários, uma vez que a mensagem foi enviada para o e-mail do deputado Eduardo Bolsonaro por um endereço não identificado: ‘info@t47inaugural.com’ e sem qualquer horário ou programação do evento a ser realizado”, justificou o magistrado.

Diante da exigência, a defesa de Bolsonaro apresentou mais detalhes sobre a cerimônia, buscando validar o convite. De acordo com os advogados, o e-mail citado é legítimo e vinculado à organização oficial do evento. Eles também reforçaram que a viagem possui caráter diplomático, considerando o histórico de proximidade entre Bolsonaro e Trump, e alegaram que a presença do ex-presidente brasileiro na posse traria benefícios diplomáticos para o Brasil.

A decisão final sobre a liberação do passaporte de Bolsonaro agora está nas mãos da PGR. O parecer de Paulo Gonet será fundamental para definir se o ex-presidente terá ou não a autorização para deixar o país durante o período em questão. Essa análise será baseada nos argumentos apresentados pela defesa, bem como no contexto das investigações em curso contra Bolsonaro.

Vale lembrar que o passaporte de Bolsonaro foi retido em ocasiões anteriores por determinação do STF, como forma de assegurar a efetividade das investigações que envolvem o ex-presidente. Moraes já negou pedidos semelhantes anteriormente, alegando que a medida era necessária para garantir que Bolsonaro estivesse à disposição da Justiça brasileira. Desta vez, porém, o pedido carrega um peso político e diplomático significativo, considerando a relação próxima entre Bolsonaro e Trump e o convite para um evento de destaque internacional.

A situação coloca Moraes diante de um dilema delicado. Por um lado, ele precisa manter sua postura firme em relação às restrições impostas ao ex-presidente, como forma de preservar a imparcialidade e a integridade das investigações em andamento. Por outro, a negativa de um pedido associado a Donald Trump pode trazer implicações políticas e críticas de aliados de Bolsonaro, que já acusam o magistrado de agir com parcialidade.

Enquanto isso, aliados do ex-presidente acompanham com atenção os desdobramentos do caso. Alguns veem na autorização para a viagem uma oportunidade de reforçar a imagem de Bolsonaro no cenário internacional e estreitar laços com Trump, um importante aliado político. Outros, no entanto, apontam que a liberação pode ser usada como argumento pela oposição para questionar a seriedade das medidas restritivas impostas pelo STF.

A proximidade da posse de Trump aumenta a pressão sobre Moraes e a PGR para uma resposta rápida. Caso o parecer da Procuradoria seja favorável, o magistrado terá que decidir se autoriza a liberação do passaporte ou mantém sua decisão de restringir os deslocamentos internacionais de Bolsonaro. A questão também reacende o debate sobre a independência dos poderes e a condução de investigações que envolvem figuras públicas de alto escalão.

Embora o convite para a posse de Trump seja um elemento central no pedido, o caso reflete um contexto mais amplo de polarização política e disputas judiciais no Brasil. Moraes, conhecido por sua postura firme em casos envolvendo Bolsonaro e seus aliados, terá que equilibrar a aplicação da lei com as possíveis repercussões políticas de sua decisão.

Independentemente do resultado, o episódio destaca as tensões entre o Judiciário, o Executivo e as lideranças políticas do país. A resposta da PGR será determinante para o desfecho do caso, mas a decisão final de Moraes continuará sendo alvo de análises e debates tanto no Brasil quanto no exterior.
Jornalista