A recente denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro tem gerado um furor sem precedentes no cenário político e jurídico do Brasil. O caso, que já não é tratado como mera suspeição, escancara a forma como certas instituições vêm operando nos bastidores, deixando de lado qualquer aparência de imparcialidade e respeito aos princípios democráticos.
O que deveria ser um processo judicial isento e baseado em provas concretas transformou-se em um espetáculo midiático e político. O tratamento dado pela imprensa à denúncia é um reflexo claro da narrativa já estabelecida. Uma única matéria do jornal O Globo foi suficiente para deixar evidente o propósito e o desfecho já traçado. O título da reportagem, que menciona uma estratégia da PGR para acelerar a condenação de Bolsonaro, não deixa margem para dúvidas. Não se fala em um julgamento justo, mas sim em uma condenação acelerada. A escolha de palavras revela um viés inegável e levanta questionamentos sobre a independência das instituições envolvidas.
O alinhamento entre a grande imprensa e setores do Judiciário também chama atenção. O entusiasmo de veículos de comunicação ao tratar do caso demonstra que há um interesse em promover uma narrativa única, ignorando qualquer possibilidade de defesa ou questionamento sobre os métodos adotados. A imprensa, que deveria atuar como fiscalizadora do poder, parece ter se tornado cúmplice em um processo que se desenrola de maneira preocupante para a democracia brasileira.
Além disso, a proximidade entre membros do Supremo Tribunal Federal e a condução da denúncia pela PGR geram ainda mais dúvidas sobre a lisura do processo. Como é possível que ministros da mais alta corte do país já avaliem uma condenação antes mesmo de um julgamento adequado? Tal postura compromete a imparcialidade que se espera do STF e reforça a sensação de que há uma coordenação entre as partes envolvidas para atingir um resultado previamente decidido.
O caso revela não apenas uma perseguição política direcionada, mas também um enfraquecimento da própria democracia. Quando instituições que deveriam garantir a justiça se transformam em instrumentos de um projeto político específico, o equilíbrio democrático é colocado em risco. A transparência e a isenção são substituídas por interesses que se sobrepõem à legalidade e à ética.
Diante desse cenário, muitos olhares se voltam para fora do país, buscando referências que possam reforçar a ideia de um sistema judicial verdadeiramente democrático e independente. Os Estados Unidos da América, que historicamente se apresentam como defensores da liberdade e da justiça, surgem como um exemplo de como um sistema pode funcionar sem interferências políticas explícitas. A esperança é que esse modelo possa, de alguma forma, influenciar a condução dos fatos no Brasil e evitar que o país mergulhe ainda mais em um ambiente de insegurança jurídica.
A democracia não pode ser seletiva. Não se pode admitir que determinados indivíduos ou grupos sejam alvos de processos judiciais baseados em conveniências políticas. O princípio da ampla defesa, da presunção de inocência e do devido processo legal não pode ser relativizado. A justiça não pode ser usada como um instrumento de vingança ou repressão contra adversários políticos. Se isso acontece, a nação perde sua identidade democrática e se transforma em um terreno fértil para o arbítrio e a instabilidade.
O Brasil vive um momento decisivo, em que os pilares que sustentam a república são postos à prova. A questão que se impõe é: há espaço para a verdadeira justiça ou estamos diante de um cenário em que a condenação já está escrita antes mesmo do julgamento? O futuro do país depende das respostas que serão dadas a essas indagações e da resistência daqueles que ainda acreditam nos valores fundamentais da democracia e da liberdade.