Justiça Eleitoral de SP torna Pablo Marçal inelegível por 8 anos
A Justiça Eleitoral de São Paulo decidiu nesta sexta-feira (21) tornar o influenciador e empresário Pablo Marçal (PRTB) inelegível pelos próximos oito anos. A decisão foi tomada pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral da capital paulista, que considerou que Marçal cometeu abuso de poder político e econômico, uso indevido de meios de comunicação e captação ilícita de recursos durante sua campanha para a Prefeitura de São Paulo em 2024.
A sentença, no entanto, ainda está sujeita a recurso e pode ser analisada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Caso confirmada em instâncias superiores, a inelegibilidade impedirá que Marçal dispute qualquer cargo eletivo até 2032.
Os fundamentos da decisão
O juiz Patiño Zorz destacou em sua decisão que Marçal utilizou sua ampla presença nas redes sociais e eventos de campanha para promover-se de maneira desproporcional em relação aos demais candidatos. Além disso, a Justiça Eleitoral considerou que houve um uso irregular de recursos financeiros na campanha, caracterizando abuso de poder econômico.
Outro ponto ressaltado na sentença foi a utilização indevida de meios de comunicação para promover sua candidatura, bem como indícios de captação ilícita de recursos, prática que pode levar à anulação da candidatura. “Os elementos apresentados nos autos demonstram clara desigualdade na disputa eleitoral, ferindo o princípio da isonomia entre os candidatos”, afirmou o magistrado.
Repercussão e próximos passos
A defesa de Pablo Marçal já se manifestou e declarou que recorrerá da decisão no TRE-SP. Os advogados alegam que não houve irregularidades e que todas as atividades de campanha foram conduzidas dentro dos parâmetros legais. “A decisão de primeiro grau será contestada nas instâncias competentes, pois entendemos que não houve qualquer violação das normas eleitorais”, afirmou a assessoria jurídica de Marçal.
A vice na chapa de Marçal, Antônia de Jesus Barbosa Fernandes, foi absolvida e não sofreu sanções eleitorais.
O caso também gerou grande repercussão política, com aliados de Marçal defendendo sua candidatura e criticando o que chamam de "perseguição judicial". Por outro lado, adversários políticos consideram a decisão um importante precedente para coibir abusos em futuras eleições.
Histórico e contexto
Pablo Marçal é conhecido por sua atuação como influenciador digital e coach motivacional. Sua entrada na política foi marcada por polêmicas e grande mobilização em torno de seu nome. Durante a campanha de 2024, ele prometeu uma gestão inovadora e "fora do sistema", atraindo um público fiel e engajado.
Apesar disso, sua candidatura já vinha sendo questionada desde o início por supostas irregularidades no financiamento de campanha e pelo uso da estrutura de suas empresas para fins eleitorais.
O impacto para 2026
A inelegibilidade de Marçal pode ter reflexos diretos nas eleições de 2026, quando muitos analistas políticos acreditavam que ele poderia concorrer a um cargo majoritário, como governador de São Paulo ou mesmo presidente da República. Com a decisão judicial, esses planos podem ser comprometidos, a menos que ele consiga reverter a sentença nas instâncias superiores.
Ainda assim, sua influência política não deve ser descartada. Mesmo sem poder concorrer, ele pode desempenhar um papel importante nos bastidores, apoiando candidatos alinhados a seu pensamento e fortalecendo sua base de seguidores para futuros embates eleitorais.
Conclusão
A decisão da Justiça Eleitoral de São Paulo contra Pablo Marçal representa um desdobramento significativo no cenário político da capital paulista. A condenação por abuso de poder político e econômico pode redefinir os rumos da carreira política do influenciador e também servir como um alerta para outros candidatos que utilizam suas redes sociais e influência financeira de maneira questionável.
Nos próximos meses, a atenção estará voltada para os recursos de Marçal e a decisão final do TRE-SP. Se a inelegibilidade for mantida, o cenário político de São Paulo poderá passar por uma reconfiguração, abrindo espaço para novas lideranças no espectro político.