Bolsonaro acusa Lula de ofender Trump e o povo americano
O ex-presidente Jair Bolsonaro acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ofender Donald Trump e o povo americano em uma publicação nas redes sociais neste sábado, 22 de fevereiro de 2025. A declaração veio após um discurso de Lula durante a comemoração dos 45 anos do PT, em Brasília, onde o petista afirmou que Trump “não foi eleito para ser xerife do mundo”, mas sim para governar os Estados Unidos. Bolsonaro reagiu rapidamente, compartilhando um vídeo do discurso e legendando em inglês, marcando o próprio Trump na postagem.
Lula e resposta de Bolsonaro
A declaração de Lula foi feita em um evento marcante para o PT, realizado na capital federal, onde o presidente celebrou a trajetória do partido e aproveitou para mandar recados políticos. Ao dizer que “quem governa o Brasil somos nós” e que Trump deveria se limitar aos assuntos dos EUA, Lula buscou enfatizar a autonomia brasileira perante potências estrangeiras. Ele também criticou o que chamou de “produtores de plataformas” que tentam interferir no rumo do país, numa possível referência a figuras como Elon Musk, aliado de Trump. A fala reflete a postura de Lula desde sua posse em 2023, quando tem adotado um tom mais nacionalista em oposição ao alinhamento automático com os Estados Unidos, marca do governo Bolsonaro.
Por outro lado, a resposta do ex-presidente veio em um formato típico de sua estratégia: uso das redes sociais para amplificar o alcance de suas críticas. Ao escrever em inglês e marcar Trump, Bolsonaro não apenas respondeu a Lula, mas também sinalizou sua fidelidade ao republicano, com quem mantém relação próxima desde seu mandato. Essa ligação foi evidente em momentos como a eleição americana de 2024, quando Bolsonaro celebrou a vitória de Trump. A troca de mensagens entre os dois lados expõe uma polarização que vai além das fronteiras nacionais, conectando disputas domésticas a narrativas globais. Para analistas, o gesto de Bolsonaro pode ser uma tentativa de manter relevância política em meio a desafios como sua inelegibilidade até 2030.
Impactos e desdobramentos do embate
O confronto verbal entre Lula e Bolsonaro sobre Trump tem implicações que extrapolam o bate-boca imediato. Para o governo atual, a crítica ao presidente americano pode ser interpretada como uma estratégia de reforçar a imagem de independência do Brasil no cenário internacional, especialmente em um momento em que os EUA, sob Trump, adotam políticas mais protecionistas. Isso pode gerar atritos nas relações diplomáticas, já que Lula não foi convidado para a posse de Trump em janeiro de 2025, enquanto líderes como Javier Milei, da Argentina, marcaram presença.
Por outro lado, Bolsonaro usa o episódio para mobilizar sua base, que vê em Trump um símbolo de valores conservadores compartilhados. A acusação de que Lula ofendeu o povo americano amplia o tom de indignação, buscando ressonância entre apoiadores que rejeitam o petista. Além disso, o envolvimento de Trump, mesmo que indireto, reacende debates sobre a influência americana na política brasileira, um tema sensível desde as eleições de 2022. Especialistas apontam que a troca de críticas pode intensificar a polarização no Brasil, com reflexos nas eleições municipais de 2026. A ausência de resposta de Trump até agora mantém o foco na dinâmica interna, mas uma eventual reação do americano poderia elevar o caso a outro patamar. Enquanto isso, o governo Lula segue firme em sua narrativa de soberania, e Bolsonaro aposta no apoio externo para se fortalecer politicamente.
Perspectivas para o futuro da tensão
A controvérsia entre Lula, Bolsonaro e Trump reflete um capítulo a mais na longa história de rivalidade entre os dois líderes brasileiros, agora com um componente internacional que promete manter o tema vivo nos próximos meses. Para Lula, o episódio reforça sua posição de chefe de Estado que não se curva a pressões externas, algo que pode agradar sua base progressista e aliados no governo. Contudo, isso também pode complicar negociações com os EUA em áreas como comércio e meio ambiente, especialmente com a COP-30 marcada para Belém em 2025. Já Bolsonaro, mesmo fora do poder, usa a crítica a Lula para se manter no centro do debate político, apelando ao simbolismo de sua aliança com Trump.
O futuro desse embate dependerá, em parte, de como Trump e seus aliados reagirão, caso decidam se pronunciar. Se o silêncio persistir, o caso pode perder força, mas uma resposta do americano poderia reacender a polêmica e dar fôlego a Bolsonaro. Enquanto isso, o Brasil segue dividido, com os dois lados tentando capitalizar o incidente para seus projetos políticos. O desenrolar dessa história continuará sendo um termômetro da polarização nacional e das relações com os EUA.