Mais um "aliado" pula do barco de Lula
O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, fez duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva em uma carta enviada a grupos de WhatsApp de políticos e aliados do presidente. No texto, ele aponta que Lula mudou seu comportamento em seu terceiro mandato, se afastou de interlocutores estratégicos e corre um risco real de perder as eleições presidenciais de 2026.
Segundo Kakay, o atual presidente não pratica mais a política com a mesma habilidade que o tornou conhecido. Para o advogado, Lula tem dificuldades em manter o diálogo com aliados, o que pode comprometer sua governabilidade e sua capacidade de se reeleger. Ele afirma que o petista está isolado e cercado por assessores que não têm coragem ou capacidade de lhe dizer o que precisa ser ouvido.
“O Lula do terceiro mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir”, escreveu Kakay em sua carta.
O advogado relembrou que, nos primeiros mandatos, Lula demonstrava uma habilidade única para dialogar e seduzir diferentes setores políticos, conseguindo construir alianças amplas e estratégicas. Agora, no entanto, ele acredita que muitos aliados enfrentam dificuldades até mesmo para acessar o presidente diretamente, o que enfraquece sua base e pode prejudicá-lo nas eleições futuras.
Kakay também manifestou preocupação com o cenário eleitoral de 2026. Para ele, a falta de articulação política pode levar Lula a uma derrota, algo que parecia improvável há pouco tempo. Ele comparou a situação do petista com a de Jair Bolsonaro, destacando que o ex-presidente perdeu a eleição passada por erros estratégicos e não por falta de recursos ou apoio popular.
“Bolsonaro só perdeu porque era um inepto. Se tivesse ouvido Ciro Nogueira e se vacinado, ou ficado calado sem ofender as pessoas, teria ganho com a quantidade de dinheiro que gastou. Perder uma reeleição é muito difícil, mas o Lula está se esforçando muito para perder. E não duvidem dele, ele vai conseguir”, alertou o advogado.
Além das críticas à falta de articulação política, a carta também menciona pesquisas recentes que indicam uma queda na popularidade do presidente. Um levantamento do Datafolha, divulgado em 14 de fevereiro, revelou que a aprovação de Lula caiu para 24%, o menor índice registrado em seus três mandatos. Já uma pesquisa do Ipec, divulgada no dia 15, apontou que 62% dos brasileiros acreditam que Lula não deveria disputar a reeleição.
A análise de Kakay evidencia um momento delicado para o governo, que precisa reagir rapidamente para evitar um enfraquecimento ainda maior. As críticas do advogado ressoam entre aliados e levantam um alerta sobre a necessidade de mudanças na estratégia política do presidente. Para muitos, o isolamento de Lula pode ser um fator determinante para seu futuro político e para a estabilidade do governo nos próximos anos.
Diante desse cenário, a carta de Kakay intensificou os debates dentro do meio político, especialmente entre aliados do governo. Enquanto alguns concordam com suas observações e veem a necessidade de Lula se reaproximar de antigos interlocutores, outros minimizam as críticas e defendem que o presidente ainda tem tempo para reverter a situação. No entanto, os números das pesquisas e a avaliação de figuras experientes como Kakay demonstram que a preocupação não é infundada.
A grande questão agora é se Lula conseguirá retomar sua habilidade política e reconstruir pontes com setores estratégicos ou se seguirá no caminho apontado por Kakay, o que pode custar caro nas eleições de 2026. O futuro político do presidente dependerá da sua capacidade de reagir às críticas e ajustar sua condução política nos próximos anos.