O 'Show de Horrores' Patrocinado por Alexandre de Moraes
O ex-procurador da República Deltan Dallagnol fez duras críticas ao que classificou como um "show de horrores" patrocinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em comparação com a Operação Lava Jato, Dallagnol apontou que, enquanto a operação respeitava a legalidade, as recentes ações do STF ignoram os princípios básicos do direito.
Dallagnol compara Lava Jato com atuação de Moraes
Dallagnol destacou que, durante a Lava Jato, todos os depoimentos de delação foram colhidos por procuradores e policiais, como determina a lei. Segundo ele, nenhum juiz participou ativamente dessas oitivas, pois a legislação brasileira estabelece que o papel do magistrado é apenas analisar a voluntariedade e legalidade dos depoimentos e homologá-los.
“Procurem UM vídeo de delação na Lava Jato em que o depoimento tenha sido colhido por Moro ou outro juiz. Não vão achar porque todos foram feitos com procuradores e policiais, a quem a lei autoriza firmar o acordo”, declarou Dallagnol.
Juiz de garantias não vale para o STF, aponta ex-procurador
Outro ponto criticado por Dallagnol é a ausência do chamado "juiz de garantias" no STF. A figura do juiz de garantias foi criada para evitar que o mesmo magistrado que atuou na fase investigativa julgue o caso. No entanto, segundo Dallagnol, essa regra não se aplica aos ministros do Supremo, que acumulam funções de investigação e julgamento.
“Com a aprovação da figura do juiz de garantias, o juiz que atua na investigação não pode atuar no julgamento. Isso não vale, é claro, pros supremos. Lá não tem juiz de garantias nem respeito a garantias”, criticou o ex-procurador.
Vídeos revelam atuação de Moraes como juiz, policial e procurador
Dallagnol também citou vídeos em que Alexandre de Moraes aparece interrogando Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o ministro extrapolou suas funções ao atuar como inquisidor, fazendo perguntas e confrontando o colaborador sobre suas declarações.
“Estamos vendo Alexandre de Moraes inquirindo Mauro Cid em vários vídeos da delação, fazendo perguntas e confrontando o colaborador sobre versões, como policial e procurador”, afirmou.
Além disso, Dallagnol mencionou que Moraes chegou a perguntar a Cid sobre supostos planos para assassiná-lo, algo que ele considera inaceitável. “Vemos ainda o ministro perguntar sobre os planos para assassinar ele mesmo. É constrangedor. É a vítima perguntando para um dos acusados...”, disse o ex-procurador.
“Tá tudo ERRADO”, diz Dallagnol
O ex-coordenador da Lava Jato concluiu suas críticas afirmando que o cenário atual do STF representa uma distorção do sistema de justiça, onde ministros atuam simultaneamente como juízes, procuradores e policiais, sem qualquer respeito aos princípios legais.
“Você vê ali um juiz, um policial, um procurador ou uma vítima? É tudo junto e misturado. Tá tudo ERRADO, é um show de horrores. Mas tá tudo certo perante a lei, porque eles são a lei”, disparou Dallagnol.
A fala do ex-procurador reacende o debate sobre os limites do Supremo Tribunal Federal e reforça as críticas de diversos setores sobre a atuação de Alexandre de Moraes. O episódio levanta questionamentos sobre o respeito às garantias legais e a separação dos poderes no Brasil.