Por uma questão de sobrevivência, relatório da OEA vai ser fulminante contra Moraes

Caio Tomahawk


A Organização dos Estados Americanos (OEA) se encontra diante de um dilema inescapável. Pressionada por parlamentares dos Estados Unidos, a entidade precisa decidir entre manter sua credibilidade e garantir sua sobrevivência financeira. E essa escolha pode ter um impacto direto sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Nos últimos meses, a OEA recebeu pelo menos duas cartas do congressista americano Chris Smith. O parlamentar cobrou da organização uma postura firme diante das denúncias de ataques à liberdade de expressão no Brasil, além de interferências contra empresas norte-americanas no país. Smith lembrou que grande parte do financiamento da OEA vem dos pagadores de impostos dos Estados Unidos e que o novo Congresso americano, de maioria republicana, não está mais disposto a tolerar omissões.

A mudança no cenário político dos EUA deve trazer consequências imediatas. Em março, o Senado e a Câmara dos Representantes serão oficialmente comandados por uma nova composição, mais alinhada com os interesses do ex-presidente Donald Trump. E uma das pautas prioritárias desse grupo é a votação de um projeto de lei que prevê sanções contra autoridades que atentam contra a liberdade de expressão e os interesses americanos no exterior. Se aprovado, esse projeto pode resultar em medidas duras contra figuras do Judiciário brasileiro.

O discurso de Trump é claro: instituições que se mostram politicamente enviesadas não devem mais contar com o apoio financeiro dos EUA. Esse recado não se limita à OEA, mas também atinge outras organizações internacionais que, segundo os republicanos, perderam sua imparcialidade ao longo dos anos.

Diante dessa nova realidade, a OEA parece não ter escolha. Se insistir em ignorar as denúncias, corre o risco de perder parte significativa de seus recursos e de sua influência global. Por isso, a expectativa é que o relatório da entidade sobre a situação no Brasil traga críticas contundentes contra as ações de Alexandre de Moraes e sua condução em casos envolvendo censura e perseguição a opositores políticos.

Historicamente, a OEA tem se mostrado hesitante quando o assunto envolve embates ideológicos. No entanto, quando sua própria sobrevivência está em jogo, a tendência é que as convicções políticas fiquem em segundo plano. Essa mudança de postura pode ser devastadora para Moraes e para aqueles que se alinham a ele dentro do Judiciário brasileiro.

O paralelo com outros momentos históricos é inevitável. Enquanto cristãos perseguidos ao longo da história enfrentaram martírios sem renegar sua fé, grupos políticos ligados à esquerda frequentemente demonstram pouca resistência quando o assunto envolve a manutenção de seus privilégios. Em situações de pressão, o instinto de autopreservação tende a falar mais alto, e aliados de hoje podem rapidamente se tornar delatores de amanhã.

Com a OEA encurralada e o novo Congresso americano disposto a endurecer o jogo, o futuro de Alexandre de Moraes parece cada vez mais incerto. A possibilidade de sanções internacionais contra ele e outros magistrados brasileiros se torna uma ameaça real. O cenário sugere que, nos bastidores, algumas figuras que antes o defendiam já começam a reconsiderar suas alianças.

A situação política no Brasil, que já vinha se tornando tensa, pode atingir um novo patamar nos próximos meses. Se o relatório da OEA confirmar expectativas e for duro contra Moraes, a repercussão internacional poderá enfraquecer ainda mais sua posição. Além disso, a pressão vinda dos Estados Unidos pode incentivar outros países e organismos internacionais a se manifestarem sobre os acontecimentos recentes no Brasil.

O desenrolar dessa crise dependerá, em grande parte, das decisões tomadas nos próximos meses. Se a OEA decidir se alinhar às exigências do novo Congresso americano, Alexandre de Moraes poderá enfrentar dificuldades cada vez maiores para manter sua posição de influência. Se, por outro lado, a organização insistir na omissão, corre o risco de perder seu principal financiador e ver sua relevância no cenário internacional diminuir drasticamente.

O que parece certo, no entanto, é que o ministro do STF não está mais em uma posição confortável. A maré que antes parecia lhe favorecer começa a mudar rapidamente. E, como diz o ditado, quando a água bate no pescoço, muitos preferem abandonar o barco a afundar com ele.

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