Veja vídeo da resposta de Cid à PF sobre relação de Bolsonaro e Aras

Gustavo Mendex

 

Mauro Cid revela detalhes sobre relação de Bolsonaro e Augusto Aras em depoimento à PF

Os vídeos do depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelam novas informações sobre a relação entre o ex-presidente e o ex-Procurador-Geral da República (PGR) Augusto Aras. O conteúdo foi divulgado nesta semana e trouxe à tona encontros frequentes entre os dois, muitas vezes sem registro na agenda oficial.

Depoimento foi colhido após relatório final da PF

A oitiva ocorreu em 5 de dezembro de 2024, mesmo após a apresentação do relatório final da Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, que resultou no indiciamento de 37 pessoas. Durante o interrogatório, conduzido pelo delegado Fábio Shor, Cid foi questionado sobre como se davam as interações entre Bolsonaro e Aras.

Segundo o depoente, o então PGR mantinha um canal de comunicação direto com o ex-presidente. "O contato, que normalmente as autoridades tentavam marcar comigo a agenda, mas o doutor Aras fazia direto com o presidente", afirmou Cid.

Encontros não eram registrados na agenda presidencial

Mauro Cid também revelou que muitas dessas reuniões ocorriam a portas fechadas e sem registro público. "Eu recebia o Procurador, ele ficava na sala, eu saía, depois levava ele embora", contou ao delegado.

As informações fornecidas por Cid reforçam evidências já coletadas pela PF, que indicavam visitas frequentes de Aras e outras autoridades ao Palácio da Alvorada sem a devida transparência. Mensagens obtidas pelos investigadores corroboram essa prática.

Bolsonaro se reunia com diversas autoridades

O ex-ajudante de ordens relatou que Bolsonaro mantinha reuniões regulares com políticos, empresários, juízes e membros do Ministério Público. Entre os nomes citados, além de Aras, está a ex-vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo. "O presidente recebia, no Alvorada, essas autoridades. Eu não consigo dizer a periodicidade, mas ele recebia uma vez por mês", declarou Cid.

Aras foi nomeado procurador-geral da República em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, e reconduzido ao cargo em 2021, onde permaneceu até 2023. Durante seu mandato, ele foi criticado por não aprofundar investigações sobre o ex-presidente, especialmente em casos como a condução da pandemia de covid-19 e o inquérito das milícias digitais.

PGR sob Aras evitou investigar Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob comando de Aras, foi contra a assinatura de um acordo de colaboração premiada com Mauro Cid, revelaram fontes da investigação. O ex-PGR também chegou a pedir o arquivamento de inquéritos envolvendo Bolsonaro, incluindo uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Diante dessas revelações, a delação de Mauro Cid continua sendo peça-chave para a PF e o STF na análise da conduta do ex-presidente e seus aliados. As informações prestadas pelo ex-ajudante de ordens podem ampliar o escopo das investigações e reforçar indícios de que Bolsonaro tinha influência direta sobre a cúpula da Procuradoria-Geral da República durante seu governo.

Tags

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Our website uses cookies to enhance your experience. Check Now
Accept !