Além disso, os candidatos também devem apresentar um "memorial descritivo" contendo um relato sobre suas trajetórias de vida, incluindo experiências relacionadas à luta pela terra, vivências em acampamentos, assentamentos ou comunidades rurais, expectativas em relação à universidade e a importância da formação.
No entanto, essa proposta de criar uma turma de Medicina com um processo seletivo diferenciado e exclusivo para uma parcela específica da população gerou controvérsias e descontentamento em algumas instituições médicas. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), por exemplo, manifestou-se contra a flexibilização do ingresso e demonstrou preocupação com a possível redução da qualidade da formação técnica.
O sindicato argumenta que essa flexibilização pode acarretar riscos à qualidade da formação dos alunos, pois alega que há manifestações públicas indicando que o vestibular passaria a ser realizado exclusivamente por meio de prova de redação, o que difere do processo atual de seleção para outros candidatos.
Por outro lado, a Reitoria da UFPel defendeu a medida, afirmando que a criação da turma especial no curso de Medicina é uma resposta às demandas sociais relacionadas à saúde e ao acesso a cuidados médicos adequados em áreas rurais e entre comunidades agrárias. A universidade ressaltou que essa iniciativa surgiu a partir de uma demanda legítima apresentada pelos movimentos sociais e que está trabalhando para concretizá-la.
A proposta de criar uma turma exclusiva de Medicina para assentados do MST na UFPel levanta importantes questionamentos sobre igualdade de oportunidades, qualidade do ensino e critérios de seleção. Embora seja vista como uma medida de inclusão e busca por equidade, também é necessário avaliar os impactos que essa iniciativa poderia ter na formação médica e no sistema de saúde como um todo.
Essa discussão continua gerando opiniões divergentes e levanta reflexões sobre o papel das universidades e dos movimentos sociais na construção de um sistema educacional mais inclusivo e justo. É importante considerar a necessidade de garantir a qualidade e a formação adequada dos profissionais da área da saúde, ao mesmo tempo em que se busca promover a inclusão e a representatividade nos cursos superiores.