O discurso de Girão incluiu uma descrição dos métodos brutais usados pelo regime de Maduro para reprimir protestos. Ele relatou que a população venezuelana, ao protestar pacificamente, enfrentou uma repressão violenta, com mais de mil manifestantes presos e tratados como terroristas. Girão comparou essa repressão com o tratamento dado a manifestantes no Brasil, especialmente após os eventos de 8 de janeiro, quando milhares de pessoas foram presas em conexão com protestos contra o governo.
Girão criticou a prisão de indivíduos que participaram dos protestos de maneira pacífica, comparando-os com os presos políticos na Venezuela e destacando a falta de direito ao devido processo legal e ao foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele usou o exemplo de uma mulher condenada a 15 anos de prisão por pintar de batom, apontando a gravidade das penas impostas a indivíduos sem antecedentes criminais e sem armas.
Outro ponto crucial do discurso de Girão foi a atuação do ex-ministro da Justiça, Flávio Dino. Girão acusou Dino de se recusar a entregar à CPI imagens de câmeras de segurança que poderiam ter provado a falta de veracidade das alegações de um “golpe” durante os eventos de 8 de janeiro. Segundo o senador, Dino, após um longo período de procrastinação, admitiu que as imagens haviam sido apagadas. Girão criticou a falta de responsabilização de Dino, que, em vez de enfrentar sanções, foi promovido ao STF.
O senador também mencionou a atuação do Brasil no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que não conseguiu aprovar uma resolução exigindo a divulgação das atas das eleições venezuelanas. Girão apontou que o Brasil se absteve da votação, impedindo a aprovação da resolução por um voto. Ele afirmou que a abstenção brasileira demonstra uma falta de compromisso com a justiça e com a causa dos direitos humanos, deixando o Brasil com “a mão cheia de sangue do povo venezuelano”.
O discurso de Eduardo Girão no Senado expôs uma série de preocupações sobre a situação política no Brasil e seu papel na questão venezuelana. Ele criticou a parcialidade do TSE, a suposta fraude nas eleições e a repressão tanto na Venezuela quanto no Brasil. Girão fez um apelo à população brasileira para que se conscientize sobre as semelhanças entre os regimes autoritários e as ações do governo atual, alertando para os perigos de uma erosão da democracia e dos direitos fundamentais no país.
O discurso do senador é um reflexo das crescentes tensões políticas no Brasil e das preocupações com a integridade das instituições democráticas e a proteção dos direitos humanos. A comparação entre a situação na Venezuela e o tratamento de protestos e opositores no Brasil destaca a necessidade de uma vigilância constante e de um debate aberto sobre as práticas políticas e legais em ambos os países.