O voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, durante a sessão de julgamento da ação movida pelo PDT, acusando Jair Bolsonaro de abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, mencionou a live de 2021 como complemento à reunião realizada pelo ex-presidente com embaixadores em julho de 2022.
Gonçalves considerou que as lives de 2021 foram bem-sucedidas em seu propósito pragmático de cultivar o sentimento de uma ameaça grave pairando sobre as eleições de 2022, com origem no TSE. Segundo ele, esse "conspiracionismo" permaneceu latente e foi facilmente acionado durante o ano eleitoral.
Para o relator, a live, incluída também na Aije, faz parte de uma sequência de meios para difundir dúvidas sobre o sistema eleitoral. Ele ressaltou que, na reunião com chefes de missão diplomática, o investigado retomou a epopeia dos ataques ao sistema eletrônico de votação sem apresentar provas, adicionando mais um capítulo à saga: a suposta tentativa das Forças Armadas de apresentar soluções para evitar fraudes nas eleições iminentes.
A investigação do vazamento de dados sigilosos sobre o ataque hacker foi incluída na Aije, que apura o suposto abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação por parte de Bolsonaro durante a reunião com embaixadores em julho de 2022.
Gonçalves reiterou que a liberdade de expressão não protege o acusado de divulgar informações falsas sobre uma investigação policial ou fabricar teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais envolvendo ministros e servidores do TSE.
O julgamento no TSE envolve o pedido do Partido Democrático Trabalhista (PDT) para que seja declarada a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e Walter Souza Braga Netto, candidatos a presidente e vice-presidente em 2022. O partido acusa os dois de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante a reunião realizada pelo então presidente Bolsonaro com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada em 18 de julho de 2022.
De acordo com o PDT, o ex-presidente atacou as Cortes do TSE e do STF no evento e afirmou, mais uma vez sem apresentar qualquer prova, que os resultados das eleições de 2022 proclamados pela Justiça Eleitoral não seriam confiáveis.
Além disso, o partido alega que houve violação do princípio da isonomia entre as candidaturas, caracterizando abuso de poder político pelo fato de a reunião ter ocorrido na residência oficial da Presidência da República e ter sido organizada por meio do aparato oficial do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores.