Em 26 de setembro de 2017, o ex-ministro Antonio Palocci pediu a desfiliação do PT, legenda da qual fazia parte desde 1981, quando ajudou a fundá-la
Acabava, assim, mais uma história com altos e baixos, sendo o momento mais alto, nas dependências do Palácio do Planalto, com a chegada ao poder, de Lula e seus ministros, e o mais baixo, ironicamente, também nas dependências do Palácio do Planalto, quando ainda ocupavam o poder, mas já tinha feito dele um ambiente que em nada lembraria os cargos solenes e a responsabilidade que carregavam nas costas, mas um lugar obscuro e palco de falcatruas e de corrupção.
Neste meio tempo, com o partido já desmoralizado, dezenas de políticos investigados, processados e presos em um gigantesco e bilionário esquema de desvios de dinheiro púbico, do qual Palocci foi coadjuvante e, depois, delator, um ex-presidente prestes a ir para trás das grades. e outra, retirada da cadeira presidencial pelo impeachment, vimos a derrocada da esquerda brasileira e a ascensão dos conservadores (graças à corajosa e quase solitária luta de Jair Bolsonaro). E agora, solto, o ex-presidiário e ex-condenado faz de tudo para voltar ao local onde jamais deveria ter pisado
Por isso é preciso, todos os dias, lembrarmos do conteúdo gravíssimo da carta de Palocci, no dia de sua desfiliação.
Nele, temos a ‘verdade nua e crua’ sobre Lula. É um retrato perfeito da figura que um dia foi (ou fez parecer ser) e do ser ignóbil que se tornou. Do ‘é o cara’, dito pela boca de Barack Obama, ao ‘cara de pau’, que passou a sair da boca do povo.
Naquele mesmo 26 de setembro, a reportagem do Jornal Hoje - quando a Globo ainda conseguia praticar o jornalismo – resumia os principais trechos da carta de desfiliação:
Sei dos erros e ilegalidades que cometi e assumo minhas responsabilidades mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto sucumbir ao pior da política no melhor momento de seu governo. O cara dissociou-se definitivamente do menino retirante, para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do tudo pode, do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios e as disfunções que se acumulam são apenas detalhes, notas de rodapé, no cenário entorpecido de petrodólares que pagarão a tudo e a todos.
Nada importava, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mal governo que redobrou as apostas erradas, destruindo uma a uma, cada conquista social e cada um dos avanços econômicos tao custosamente alcançados.
Um dia, Dilma e Gabrielli (Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras entre 2005 e 2011) dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimonias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda a nossa história
Até quando vamos fingir acreditar auto proclamação do homem mais honesto do pais, enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e ate o prédio do instituto são atribuídos à dona Marisa. Afinal somos um partido politico sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?
Coordenei várias campanhas eleitorais, em vários níveis e puder acompanhar de perto, a evolução do nosso poder e nossa deterioração moral. Assumo minhas responsabilidades quanto a isso, mas lamento dizer que nos acertos e nos erros, nos trabalhos honrados e nos piores atos de ilicitudes, nunca estive sozinho.
Talvez seja interessante mostrar esta carta àquele seu vizinho esquerdopata!