Com vazamento de nova alta, Lira declara ‘guerra’ à Petrobras e Congresso deve interferir na política de preços dos combustíveis


Nem mesmo os muitos apelos do presidente Jair Bolsonaro e todo o esforço do governo federal, que corta na carne, zerando as próprias tarifas e aceitando pagar uma compensação aos estados em função da nova lei que limita a cobrança do ICMS sobre os combustíveis, parece ter sensibilizado a diretoria da Petrobras.

A empresa promete anunciar um novo reajuste, ainda nesta sexta-feira (18), segundo o que foi noticiado na coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo.

Notícia que irritou profundamente o Palácio do Planalto, como ficou demonstrado na mensagem deixada pelo ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira:

"Basta! Chegou a hora. A Petrobras não é de seus diretores. É do Brasil. E não pode, por isso, continuar com tanta insensibilidade, ignorar sua função social e abandonar os brasileiros na maior crise do último século", escreveu Nogueira, reproduzindo também a manchete da coluna de Jardim.

O ‘basta’, mais do que um pedido, pode ser considerado um recado de Nogueira para que o Congresso Nacional busque formas de 'intervir', já que o poder executivo jamais poderia fazer algo do gênero, sob risco de desrespeitar a lei e incidir em crime eleitoral.

Diante do silêncio do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, foi Arthur Lira, o presidente da Câmara, quem respondeu de pronto e também de forma dura:

"A República Federativa da Petrobras, um país independente e em declarado estado de guerra em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, parece ter anunciado o bombardeio de um novo aumento nos combustíveis.

Enquanto tentamos aliviar o drama dos mais vulneráveis nessa crise mundial sem precedentes, a estatal brasileira, que possui função social, age como amiga dos lucros bilionários e inimiga do Brasil.

Na segunda feira, estarei convocando uma reunião de líderes para discutir a política de preços da Petrobras. Política da Petrobras, que pertence ao Brasil e não à diretoria da Petrobras."

A indignação de Lira é ainda maior, após o esforço que fez para dialogar com todos os setores e com o próprio Rodrigo Pacheco, para que a nova lei que estabelece o teto do ICMS sobre os combustíveis fosse aprovada, tanto no Senado quanto na Câmara, e em tempo recorde.

A proposta que poderia, de imediato, reduzir o preço nas bombas em até R$ 2,00 o litro, pode se tornar ineficaz se a Petrobras continuar com sua política de reajustes progressivos, obedecendo a uma regra que acompanha os preços internacionais do barril do petróleo e a variação do dólar.

A empresa estatal, que segundo informações de bastidores estaria sob o comando de acionistas minoritários, estrategicamente plantados ao longo dos últimos anos de governos do PT, não quer saber de Brasil ou dos brasileiros, mas apenas de lucros, muito acima da média mundial obtida por empresas de energia do mesmo setor, principalmente se eles forem altos o suficiente para implicar em grandes perdas políticas para Bolsonaro e seus aliados, com o objetivo de influenciar diretamente no resultado das urnas em outubro, independentemente dos danos colaterais que causarem à economia e à população.

Bolsonaro não vai desistir, mas precisará contar com uma rápida decisão, seguida de ação, por parte do Congresso.

A próxima semana deve definir se a Petrobras 'é dos brasileiros e para os brasileiros' ou se deverá ser privatizada, de cima para baixo, sem dó nem piedade.

E se a solução for aprovar leis 'a toque de caixa' que permitam a interferência na política de preços, sem participação do poder executivo, mas pelas mãos dos representantes do povo, que assim seja.

Será que, desta vez, os opositores terão coragem de votar contra e revelar sua verdadeira face?

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