De olho no avanço da censura Marco Aurélio defende Cintra e chama Moraes ‘à razão’ (veja o vídeo)


Em entrevista à CNN Brasil, nesta segunda-feira (7), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello fez uma dura crítica ao tratamento dado ao ex-secretário da Receita Federal Marcos Cintra, após o mesmo ter questionado alguns pontos do processo eleitoral, encerrado no último domingo (30).

Nas redes, Cintra, que concorreu à vice-presidência na chapa da senadora Soraya Thronicke, portanto um opositor de Jair Bolsonaro, cobrou explicações ao TSE sobre possíveis inconsistências de dados que teriam sido constatadas por especialistas de uma auditora independente e apresentadas durante uma live, direto da Argentina, neste final de semana.

Como resposta, o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal colha o depoimento de Cintra em até 48 horas.

A conta do Twitter do político, local onde postou os questionamentos ao tribunal, também foi retida.

Preocupado, Marco Aurélio Mello afirmou que Cintra exerceu apenas seu direito de se expressar e não cometeu qualquer tipo de ofensa:

"É preciso ler a fala do Marcos Cintra, ele apenas exteriorizou uma preocupação e disse que se empunha a tomada de providências pela Justiça Eleitoral para verificar o fato. Fato que teria sido levantado no próprio Tribunal Superior Eleitoral. Que fatos são esses? Algumas seções não apresentarem um único voto para o candidato para o candidato à reeleição, disse o ministro, e prosseguiu:

Ele não tentou desmerecer em si o sistema de urnas eletrônicas. A Constituição Federal garante a liberdade de expressão, a liberdade de manifestação e proíbe qualquer censura."

Mello, na verdade, acabou ‘engrossando o coro’ da fala de Cintra, afirmando que o TSE poderia ter aproveitado os questionamentos para abrir um processo administrativo para analisar os dados apontados ou ainda emitir uma nota esclarecendo as possíveis inconsistências.

O ex-magistrado, entretanto, chamou Alexandre de Moraes à razão, ainda que sutil, e chegou a questionar se seu ex-colega de tribunal tinha lido a postagem de Cintra:

"O que nós estamos vendo na verdade é uma censura. Eu imagino que o Alexandre de Moraes tenha lido o que falou o cidadão Marcos Cintra e, a meu ver, os atos determinados extravasam o campo da normalidade e o campo do bom senso. Queremos que se retroaja a uma época já sepultada? Queremos viver momentos de exceção?"

De fato, vivemos tempos estranhos e é preciso que os mais experientes e acostumados à verdadeira democracia, chamem a atenção daqueles que, com excesso de poder, venham a se tornar autoritários.

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