O ex-presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao programa Oeste sem Filtro nesta quinta-feira (1°), alegou que a investigação em curso sobre a suposta existência de uma "Abin paralela" tem como objetivo principal ofuscar os eventos ocorridos em 8 de janeiro. Além disso, Bolsonaro acusou a operação de busca e apreensão realizada na última segunda-feira, que teve como alvo o vereador Carlos Bolsonaro, de ser uma manobra para obscurecer a "superlive" realizada por ele e seus filhos no domingo anterior.
Ao ser questionado sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em relação ao evento de 8 de janeiro, Bolsonaro afirmou que isso é "a cereja do bolo" e sugeriu que há uma intenção de atingi-lo pessoalmente. "Querem a minha cabeça. Vão ter? Só na base da arbitrariedade", disparou o ex-presidente.
Na mesma entrevista, Bolsonaro negou ter aparelhado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu mandato, refutando a ideia de ter nomeado alguém para as diretorias do órgão. Ele acusou o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, de criar uma "Abin totalmente paralela". Segundo Bolsonaro, o site Metrópoles noticiou que o novo número 2 da Abin fez doações para candidatos de esquerda do PT e do PCdoB, sugerindo que Lula estaria formando uma Abin alinhada com seus interesses políticos.
O ex-presidente também levantou acusações contra a ex-presidente Dilma Rousseff, alegando que, durante seu mandato, ela utilizou a Abin para colaborar com serviços de inteligência de Cuba e Venezuela. Bolsonaro destacou um episódio em 2012, onde, segundo suas alegações, a Abin afastou o Paraguai do Mercado Comum do Sul (Mercosul) com a ajuda de inteligências cubana e venezuelana, permitindo a entrada do então presidente venezuelano Hugo Chávez no bloco.
Essas declarações de Bolsonaro lançam luz sobre a complexa dinâmica política brasileira, marcada por acusações entre os principais atores. A investigação sobre a "Abin paralela" e a operação recente de busca e apreensão ganham contornos de estratégia política, conforme Bolsonaro alega que esses eventos são táticas para desviar a atenção de acontecimentos passados que o envolvem diretamente.
O embate entre Bolsonaro e Lula, agora expandido para questões de inteligência, promete continuar a polarização política no país. A acusação de formação de uma "Abin paralela" adiciona um novo capítulo à narrativa política brasileira, sugerindo que as agências de inteligência estão sendo instrumentalizadas para objetivos partidários. Resta aguardar o desenrolar das investigações e a resposta das autoridades envolvidas para esclarecer os fatos e suas possíveis implicações políticas.