Barroso critica Forças Armadas por papelão no TSE e alerta sobre politização
Durante uma aula inaugural na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) nesta segunda-feira (4), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, fez críticas contundentes à atuação das Forças Armadas, descrevendo como um "papelão" o desempenho dos militares em colaboração com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as últimas eleições.
Sem citar nomes, Barroso destacou que as Forças Armadas foram manipuladas e arremessadas na política por más lideranças, resultando em um desempenho inadequado no TSE. Ele lembrou que os militares foram convidados para auxiliar na segurança e transparência das eleições, mas acabaram levantando suspeitas falsas, ao invés de cumprir seu papel.
O contexto dessa crítica remonta à participação das Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições, com o objetivo de aumentar a segurança e transparência do processo eleitoral. No entanto, após as eleições, o Ministério da Defesa divulgou um relatório que levantava dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas, apesar de não ter detectado fraudes.
Essa atuação controversa levou o presidente do TSE na época, ministro Alexandre de Moraes, a excluir as Forças Armadas do grupo de fiscalização, alegando que o desempenho dos militares foi "incompatível" com o papel atribuído a eles.
Barroso também destacou a importância da independência das Forças Armadas em relação à política, citando a "politização das Forças Armadas" como uma das questões mais dramáticas para a democracia. Ele ressaltou que, desde a Constituição de 1988, as Forças Armadas haviam mantido uma postura exemplar de não interferência na política.
Ao ser questionado sobre suas declarações após o evento, Barroso afirmou que o cenário está "voltando ao normal", sugerindo que a vida institucional está se estabilizando após um período de indevida politização das Forças Armadas.
Essas críticas de Barroso lançam luz sobre questões cruciais relacionadas à separação entre poder militar e poder político, enfatizando a importância da independência e neutralidade das instituições militares em uma democracia saudável. A reflexão do presidente do STF ressalta a necessidade de manter a integridade e a imparcialidade das instituições em meio a pressões políticas e tentativas de manipulação.