A televisão brasileira está em meio a uma metamorfose de sua estrutura tradicional, e os reflexos dessa mudança estão sendo sentidos com intensidade na principal emissora do país, a Rede Globo. Recentemente, a gigante da teledramaturgia dispensou alguns dos mais renomados nomes de sua constelação artística, incluindo ícones como Glória Pires, Carolina Dieckmann, Camila Pitanga, Juliana Paes, Rafael Cardoso e outros. O motivo? Uma crise que está se avolumando nos bastidores.
Nos corredores do Projac, a conversa é sobre a dificuldade da emissora em fechar o elenco de seus próximos projetos devido aos “baixos” salários que estão sendo oferecidos. Nos últimos dias, as recusas de atrizes como Larissa Manoela e Marina Ruy Barbosa em retornar para a emissora sacudiram os alicerces do mundo da televisão. De acordo com Alessandro Lo-Bianco, colunista do programa “A Tarde é Sua”, até mesmo nomes consagrados das novelas estão rejeitando voltar às gravações devido à insatisfação com os valores oferecidos.
Marina Ruy Barbosa, por exemplo, que encantou o público em “Fuzuê”, foi sondada para participar do remake de “Vale Tudo”, previsto para o próximo ano. Entretanto, a atriz recusou o convite da Globo, alegando salários considerados “baixos” para os padrões de sua carreira. Inicialmente, a emissora ofereceu um total de R$ 175 mil pela obra, o que se traduz em aproximadamente R$ 25 mil por mês. Uma cifra que, para Barbosa, não condizia com sua posição no cenário artístico. Mesmo após uma nova oferta, elevando o salário para R$ 35 mil mensais, a atriz permaneceu irredutível em sua decisão.
Glória Pires, outro pilar da dramaturgia brasileira, também disse “não” à emissora para o mesmo projeto. Sondada para interpretar a icônica vilã Odete Roitman, a atriz estabeleceu suas exigências em R$ 2 milhões pela obra. A Globo, por sua vez, fez uma contraproposta considerada modesta pela atriz: “apenas” R$ 315 mil pelo papel. Uma diferença que, segundo Lo-Bianco, teria irritado profundamente a experiente atriz. No entanto, Pires manifestou estar aberta a uma nova negociação com a Globo, especialmente após mencionar que uma proposta de uma plataforma de streaming foi significativamente mais atrativa.
Outro nome que está gerando preocupações nos corredores da emissora é o de Flávia Alessandra. A Globo solicitou que o renomado autor Walcyr Carrasco escrevesse uma sequência para “Êta Mundo Bom”, sucesso do horário das 18h, e este exigiu a presença da atriz, que brilhou como a vilã na trama original. Contudo, o impasse surgiu quando a emissora ofereceu um salário mensal de R$ 40 mil, valor considerado baixo pela artista.
Diante dessas recusas e impasses, a Globo se vê diante de um desafio inédito: como manter a excelência artística sem comprometer suas finanças em um mercado televisivo cada vez mais competitivo e mutável? Enquanto isso, nos bastidores, as negociações continuam fervilhando, deixando a indústria do entretenimento em suspense sobre o desfecho dessa nova era na televisão brasileira.