No último domingo, dia 19, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo em suas redes sociais, especificamente no Instagram, ensinando seus seguidores a desativarem o filtro de restrições a temas políticos recentemente implementado pela Meta. A empresa, que administra o Facebook, Instagram e Threads, introduziu essa ferramenta com o objetivo de reduzir o alcance de conteúdos políticos nas plataformas.
A Meta implementou essa medida para limitar a disseminação de conteúdos políticos no Instagram, Threads e Facebook. A decisão, que tem abrangência mundial, foi motivada por uma pesquisa realizada pela própria empresa, que concluiu que a maioria dos usuários deseja ver menos conteúdo político em suas redes sociais.
O filtro desenvolvido pela Meta foi criado para que mensagens e conteúdos de natureza política não apareçam como conteúdo recomendado para usuários que não seguem perfis políticos. Isso significa que, a menos que o usuário já siga um determinado político ou analista político, ele não verá esses conteúdos nas abas Explorar, Reels, Recomendações no Feed e Usuários Sugeridos. O objetivo é criar uma experiência mais limpa e focada em interesses pessoais e menos em debates políticos, que muitas vezes podem ser polarizadores.
No vídeo de 34 segundos, Bolsonaro orienta seus seguidores a desativarem o filtro de restrições, permitindo que continuem recebendo informações políticas de maneira ampla e sem as limitações impostas pela nova ferramenta da Meta. Ao final do tutorial, Bolsonaro afirma: “Pronto, seu Instagram está como antes, permitindo que você se informe corretamente sobre a política do país”.
A publicação de Bolsonaro gerou uma série de reações nas redes sociais. Seus seguidores elogiaram a iniciativa, argumentando que a limitação imposta pela Meta compromete o direito à informação e à liberdade de expressão. Por outro lado, críticos acusaram Bolsonaro de tentar burlar uma medida que visa justamente reduzir a polarização e as fake news nas redes sociais.
De acordo com um comunicado emitido pela Meta em fevereiro deste ano, a empresa não recomendará mais proativamente conteúdos políticos nas suas plataformas. Essa decisão foi baseada em algoritmos de inteligência artificial que analisam o comportamento e as preferências dos usuários, ajustando as recomendações de acordo com esses dados. A Meta acredita que, ao reduzir a visibilidade de conteúdos políticos, pode melhorar a experiência do usuário, tornando as redes sociais ambientes mais saudáveis e menos conflituosos.
A medida da Meta, embora bem-intencionada, levanta questões sobre o impacto no engajamento político dos usuários. Para muitos, as redes sociais são uma importante fonte de informação política e um meio de participar do debate público. A restrição de conteúdos pode ser vista como uma forma de censura ou de controle sobre o que os usuários podem ou não ver. No entanto, para outros, a mudança é um passo positivo na luta contra a desinformação e a polarização política.
A implementação do filtro de restrições a temas políticos representa um desafio significativo para a Meta. A empresa precisa equilibrar o desejo dos usuários por menos conteúdo político com a necessidade de manter a liberdade de expressão e o direito à informação. Além disso, a Meta enfrenta o desafio de desenvolver algoritmos que consigam distinguir de maneira eficaz entre conteúdo informativo e desinformação, uma tarefa que se torna cada vez mais complexa em um ambiente digital em constante mudança.
O vídeo publicado por Jair Bolsonaro no Instagram é um reflexo das tensões entre liberdade de expressão e controle de conteúdo nas redes sociais. Enquanto a Meta busca criar um ambiente mais saudável e menos polarizado, figuras públicas como Bolsonaro continuam a buscar maneiras de alcançar seus seguidores e manter sua influência. A reação a essa iniciativa demonstra a complexidade da questão e a diversidade de opiniões sobre como as redes sociais devem ser gerenciadas.
A decisão de desativar ou não o filtro de restrições a temas políticos é, em última análise, uma escolha individual. No entanto, é importante que os usuários estejam cientes das implicações dessa escolha e das intenções por trás das políticas implementadas pelas plataformas de mídia social. A Meta, por sua vez, precisa continuar a dialogar com seus usuários e ajustar suas políticas para melhor atender às suas necessidades e expectativas.
Com a crescente influência das redes sociais na formação da opinião pública e no engajamento cívico, encontrar o equilíbrio certo será crucial para o futuro da comunicação digital e da democracia. O debate sobre a melhor forma de gerir o conteúdo político nas redes sociais está longe de ser resolvido e continuará a evoluir à medida que as plataformas, os usuários e os reguladores navegam por este complexo panorama.