Na ação, Marques reivindica o reconhecimento pelo acúmulo de funções, argumentando que, além de suas responsabilidades como repórter, ele também atuou como editor de texto, operador de teleprompter, editor de imagem e cinegrafista. Esse acúmulo de funções, segundo ele, não foi acompanhado por uma compensação financeira adequada.
Marques, que estava de férias quando o processo veio a público, revelou que trabalhou em condições adversas durante a pandemia de Covid-19. Ele afirma que, ao relatar sintomas da doença ao seu superior direto, Gleison Barreto, em 30 de agosto de 2021, foi instruído a continuar trabalhando e a não informar seus colegas para evitar pânico.
Os advogados de Marques acusam a Globo de hipocrisia, sublinhando que a emissora falhou em dar suporte ao funcionário enquanto, publicamente, defendia medidas rigorosas de combate à Covid-19. Eles destacam que, mesmo após a recomendação de afastamento imediato pela direção no Rio de Janeiro, Marques foi liberado apenas horas depois pela chefia de Minas Gerais e incluído na escala de trabalho na semana seguinte.
Em outro episódio, em 9 de junho de 2022, Marques foi novamente incluído na escala de trabalho pelo diretor-geral Marcelo Moreira, mesmo apresentando um atestado médico que recomendava seu afastamento.
Na época, o público já suspeitava que a emissora estivesse exagerando na cobertura da pandemia para interesses próprios. As denúncias de Marques reforçam essas suspeitas, sugerindo que a Globo priorizou seus interesses comerciais e operacionais em detrimento da saúde e bem-estar de seus funcionários.
Essas revelações lançam uma sombra sobre a credibilidade da emissora, conhecida por sua cobertura extensiva e crítica da pandemia. A suposta disparidade entre o discurso público da Globo e suas práticas internas pode gerar um impacto significativo na percepção pública da empresa.
O processo movido por Marques tem potencial para desencadear uma série de investigações sobre as práticas de trabalho da Globo. Caso as alegações de acúmulo de funções e assédio moral sejam comprovadas, a emissora poderá enfrentar penalidades severas e ter que indenizar o jornalista por danos morais e trabalhistas.
Os advogados de Marques destacam que o tratamento dado ao jornalista vai contra as diretrizes de saúde pública estabelecidas durante a pandemia e representa uma violação dos direitos trabalhistas. Eles argumentam que a Globo tem a obrigação de zelar pela saúde e segurança de seus funcionários, especialmente em um contexto de crise sanitária global.
Até o momento, a TV Globo não se pronunciou oficialmente sobre o processo. No entanto, a expectativa é de que a emissora apresente uma defesa robusta, considerando a gravidade das acusações. Em situações semelhantes no passado, a Globo tem defendido suas práticas e destacado seu compromisso com a ética e o bem-estar de seus colaboradores.