A votação, realizada de forma simbólica, levantou questionamentos sobre a transparência do processo, uma vez que não foi divulgada a lista dos deputados que apoiaram ou se opuseram à taxação. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), justificou a votação simbólica, argumentando que o partido Novo, único a se opor à proposta, não teria votos suficientes para solicitar uma votação nominal, dada a sua pequena representação na Casa, com apenas três deputados.
Entretanto, um momento específico da sessão gerou controvérsia nas redes sociais. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), repreendeu Guimarães por suas declarações, indicando que tais comentários não deveriam ser feitos ao microfone. Lira então questionou o plenário sobre um possível acordo dos demais partidos para a realização da votação simbólica.
Um vídeo desse episódio circulou amplamente nas redes sociais, com interpretações diversas sobre a conduta de Lira, algumas sugerindo que ele censurou Guimarães por expor a estratégia de não divulgar os votos dos deputados. No entanto, é importante ressaltar que, naquele momento da sessão, a votação simbólica já havia ocorrido, incluindo a aprovação da taxação de compras de plataformas como Shopee e Shein, entre outras.
O debate na sessão também abordou uma emenda que propunha a inclusão de uma política de conteúdo local para atividades de exploração e produção de petróleo no programa Mover, uma proposta que divergia do tema original em discussão, voltado para a mobilidade urbana. O deputado Gilson Marques (Novo-SC) manifestou-se contra essa emenda, argumentando que ela desviava o foco do projeto.
A votação dessa emenda acabou sendo nominal, revelando um resultado de 174 votos a favor da manutenção da emenda, 159 contrários e uma abstenção. Embora a emenda tenha sido aprovada com o apoio dos governistas, ela não foi submetida a uma votação simbólica, o que gerou ainda mais questionamentos sobre a transparência e coesão no processo legislativo.
A medida de taxação de compras do exterior representa uma mudança significativa na política tributária brasileira, impactando diretamente os consumidores que realizam compras online em sites estrangeiros. A justificativa para essa taxação está ligada à necessidade de equilibrar a concorrência com os produtos nacionais e de aumentar a arrecadação fiscal em um momento de desafios econômicos.
No entanto, críticos da medida argumentam que ela pode prejudicar os consumidores de baixa renda, que frequentemente recorrem a compras no exterior para acessar produtos mais acessíveis. Além disso, há preocupações sobre a falta de clareza e transparência no processo legislativo, especialmente em relação à realização de votações simbólicas sem divulgação dos votos individuais dos parlamentares.
Diante dessas questões, espera-se que o tema continue sendo objeto de debate e análise, tanto no âmbito político quanto na sociedade civil. A transparência e a accountability no processo legislativo são fundamentais para garantir a legitimidade das decisões tomadas pelos representantes do povo.