O colunista da Folha de S.Paulo, Fernando Canzian, em seu artigo desta terça-feira (7), lançou críticas contundentes ao notório desentrosamento entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula. Canzian baseou-se nas recentes declarações do chefe do Executivo durante o programa oficial Bom dia, Presidente, concluindo que o governo não está disposto a abordar o déficit nas contas públicas, uma questão que assola o país desde os dias da ex-presidente Dilma Rousseff.
O colunista expôs a visão limitada do petista sobre políticas fiscais, citando sua declaração de que "fica irritado com esse negócio de déficit primário" e que tal discussão não ocorre em nenhum outro país do mundo. Lula também minimizou a gravidade da dívida pública brasileira, comparando-a com a de outras nações desenvolvidas.
No entanto, Canzian destacou a falácia dessa comparação, observando que países como os mencionados por Lula possuem moedas fortes e uma base econômica sólida, o que lhes permite gerir dívidas elevadas de forma mais sustentável. Ele também alertou para o aumento dos juros futuros de dez anos no Brasil desde que o governo abandonou as metas do arcabouço fiscal, o que pode prejudicar os investimentos privados no país.
Além disso, Canzian ironizou a declaração de Lula de que aprendeu economia com sua mãe, destacando que tais países mencionados pelo presidente possuem uma estrutura econômica e social muito diferente da brasileira, com classes médias robustas e uma capacidade de elevar a carga tributária em caso de necessidade.
O texto concluiu destacando a falta de coesão dentro do governo, especialmente em relação ao ministro Haddad, que tentou iniciar discussões sobre ajustes mais profundos na Previdência e nos gastos com saúde e educação, mas parece estar enfrentando resistência dentro do próprio governo.