Os heróis de fachada da emissora de padaria (veja o vídeo)

No mundo do circo, um antigo ditado diz que o pior erro de um palhaço é começar a levar o circo - e a si próprio - a sério. Esse conceito, frequentemente aplicado de forma literal aos artistas circenses, pode ser estendido para outros campos, especialmente para a mídia e o jornalismo. Marco Angeli, jornalista, artista plástico e publicitário, compartilha uma perspectiva instigante sobre esse tema, refletindo sobre a atual situação da mídia no Brasil, especialmente a polêmica em torno da Rede Globo, muitas vezes apelidada de "Globolixo" por seus críticos mais ferozes.


A Rede Globo, uma das maiores emissoras de televisão do Brasil, tem enfrentado críticas intensas de vários setores da sociedade. Muitos acusam a emissora de manipular a opinião pública e promover uma agenda política específica. Esse descontentamento gerou um desejo crescente entre alguns brasileiros para ver a emissora desaparecer ou, pelo menos, perder sua influência dominante.


Em meio a essa controvérsia, surgiu uma ideia aparentemente simples, mas extremamente controversa: baixar um decreto que proíba padarias e estabelecimentos semelhantes de sintonizar a Rede Globo. A sugestão, feita por críticos mais radicais da emissora, visa cortar um dos principais canais de distribuição de conteúdo para o público, forçando assim uma redução na sua audiência.


Marco Angeli argumenta que essa proposta é um reflexo de levar a seriedade a um nível perigoso. Ele acredita que, embora a crítica à mídia seja válida e necessária, métodos extremos como a censura de canais de televisão em locais públicos são contraproducentes e antidemocráticos. Para Angeli, a liberdade de escolha é um dos pilares fundamentais de uma sociedade democrática e interferir nessa liberdade através de decretos autoritários vai contra esses princípios.


A mídia, segundo Angeli, desempenha um papel crucial na formação da opinião pública e na disseminação de informações. Mesmo que uma emissora tenha suas falhas e vieses, a solução não é silenciá-la, mas promover um ambiente onde várias vozes possam ser ouvidas e onde o público tenha a capacidade de discernir e escolher o que consome. Ele defende que, em vez de proibir a sintonização da Rede Globo, é mais produtivo incentivar a diversidade de meios de comunicação e fortalecer a educação midiática da população.


Além disso, a proibição de exibição de uma emissora em estabelecimentos comerciais teria impactos econômicos significativos. A Rede Globo, como qualquer grande emissora, depende da receita publicitária para sua operação. Boicotar a emissora poderia afetar suas finanças, mas também prejudicaria os anunciantes que dependem desse espaço para alcançar seus consumidores. Angeli destaca que a publicidade é uma ferramenta vital para a economia, especialmente em um mercado tão competitivo.


Angeli ressalta que é fundamental encontrar um equilíbrio entre a crítica necessária e o respeito à liberdade de expressão. Ele acredita que o verdadeiro erro ocorre quando se leva as questões da mídia e da política tão a sério a ponto de considerar soluções extremas que minam os princípios democráticos. A solução, segundo ele, está em promover o diálogo e a diversidade de opiniões, permitindo que a própria audiência decida o que assistir e em quais veículos confiar.


Marco Angeli nos lembra que, assim como no circo, a vida e a mídia precisam de um certo grau de leveza e autocrítica. O pior erro de um palhaço - ou de qualquer pessoa - é levar a si mesmo e suas circunstâncias tão a sério que se perca a capacidade de rir e aprender. A proposta de banir a Rede Globo de padarias é um exemplo claro de como a seriedade excessiva pode levar a medidas extremas e antidemocráticas. Em vez disso, devemos focar em fortalecer a liberdade de escolha e a diversidade de opiniões, garantindo que a mídia possa cumprir seu papel de informar e educar de maneira justa e equilibrada.

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