Temer diz que Lula não tem “vontade política” para pacificar o país: “faltou ação”

No último domingo, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o ex-presidente Michel Temer (MDB) fez duras críticas ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegando falta de "vontade política" e ação para pacificar o país. Segundo Temer, houve uma distância entre a retórica e a efetiva governança, deixando o Brasil dividido e sem a prometida reconciliação nacional.


Temer expressou sua decepção ao esperar que Lula conduzisse um governo de redenção nacional, mas, na prática, não ter visto tal comprometimento se concretizar. Ele ressaltou que a pacificação do país não significa ausência de divergências, mas sim um esforço para governar para todos os brasileiros, independentemente de suas posições políticas.


O ex-presidente enfatizou que a ausência de vontade política para pacificar a nação não se limita apenas ao governo, afetando também a oposição. Ele apontou para um cenário de agressões de ambos os lados, exacerbado pelos eventos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.


Além disso, Temer criticou a cultura política brasileira, onde cada novo governo parece empenhado em desfazer o trabalho de seus antecessores, contribuindo para uma crescente polarização. Ele observou que essa "radicalização brutal" está enraizada na sociedade brasileira, prejudicando a harmonia e a estabilidade do país.


Outro ponto levantado por Temer foi a interferência do Judiciário nos assuntos do Executivo e do Legislativo, resultando em conflitos entre os Três Poderes. Ele destacou a atual Constituição brasileira como detalhada demais, concedendo ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma autoridade excessiva em várias questões.


Apesar das críticas, Temer reconheceu que o governo Lula pode estar progredindo, principalmente devido aos esforços de seus ministros, em especial Fernando Haddad, da Fazenda. Ele elogiou os esforços de Haddad para melhorar a economia do país, destacando medidas como o teto para os gastos públicos, agora reinterpretado como "arcabouço".


No entanto, Temer ressaltou que Haddad enfrenta desafios significativos devido à ingerência do presidente e da Casa Civil, que muitas vezes desautorizam suas iniciativas. Ele expressou a necessidade de persistência e continuidade nas políticas econômicas para que o país possa alcançar uma recuperação efetiva.


Em suma, as críticas de Michel Temer refletem uma preocupação com a falta de unidade e liderança efetiva para enfrentar os desafios do Brasil. Enquanto reconhece alguns avanços, ele destaca a necessidade urgente de uma abordagem mais inclusiva e colaborativa para promover a pacificação e o progresso do país.

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