FAB vai gastar R$ 30 mil em bacalhau para gabinete do comandante

A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou recentemente a abertura de uma licitação que destina quase R$ 744,6 mil para a compra de alimentos de luxo destinados ao gabinete do atual comandante, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno. A licitação, que foi aberta na sexta-feira, 21 de junho de 2024, inclui uma extensa lista de itens de alta qualidade, sendo o mais notável a aquisição de 300 quilos de lombo de bacalhau do porto, totalizando aproximadamente R$ 30 mil.


Segundo o edital, o quilo do lombo de bacalhau está avaliado em R$ 98, o que, multiplicado pelos 300 quilos planejados, resulta em um gasto significativo de R$ 29,4 mil somente com este item. Contudo, o bacalhau não é o único item de luxo incluído na lista de compras da FAB. A licitação também prevê a aquisição de 300 quilos de presunto parma, avaliados em R$ 26,9 mil, e 400 quilos de filé de salmão, cujo custo será de R$ 31 mil.


Além desses, outros itens de alto valor compõem o certame. Entre eles, destacam-se o filé mignon, com um custo estimado de R$ 125 mil, e o filé de linguado, cujo valor é de aproximadamente R$ 47 mil. No total, serão adquiridos 50 tipos diferentes de proteínas animais, o que levanta questionamentos sobre a justificativa e a necessidade de tais compras.


De acordo com a justificativa apresentada pela FAB para a abertura desta licitação, os alimentos adquiridos são necessários para atender às necessidades da Seção de Subsistência do gabinete do comandante da Aeronáutica. No entanto, a escolha de itens tão sofisticados tem gerado controvérsia e críticas por parte da opinião pública e de especialistas em administração pública, que questionam a razoabilidade de gastos tão elevados em um contexto de austeridade econômica e restrições orçamentárias que afetam diversas áreas do serviço público.


Em maio deste ano, a mesma coluna noticiou uma licitação anterior da FAB, que destinava quase R$ 10 milhões para a compra de alimentos como picanha, camarão e salmão para o Grupamento de Apoio de Belém. Essas compras sucessivas de itens de alto custo têm sido alvo de intenso escrutínio e debate.


Especialistas em gestão pública afirmam que, embora seja comum que instituições militares disponham de orçamentos destinados a garantir a subsistência de seus quadros, é imperativo que essas aquisições sejam feitas de maneira criteriosa e transparente, evitando desperdícios e excessos. A inclusão de itens de luxo em grandes quantidades pode indicar uma desconexão com a realidade financeira enfrentada pelo país e levanta dúvidas sobre a prioridade dada a esses gastos em detrimento de outras necessidades mais urgentes.


A FAB, em sua defesa, argumenta que a licitação segue os trâmites legais e que os itens comprados visam garantir a qualidade das refeições servidas no gabinete do comandante, uma prática que estaria alinhada com os padrões de atendimento e hospitalidade da instituição. No entanto, a justificativa não parece ter sido suficiente para acalmar os ânimos dos críticos, que apontam para a necessidade de maior controle e transparência nas compras públicas, especialmente em tempos de crise.


Em resposta às críticas, algumas vozes dentro da própria FAB defendem que a alimentação de alta qualidade é um componente importante para a moral e o bem-estar das forças armadas, e que investimentos nesse sentido não deveriam ser vistos apenas sob a ótica do gasto financeiro, mas também como parte de um esforço para manter a excelência e o prestígio da instituição.


A controvérsia em torno dessa licitação reflete um debate mais amplo sobre os critérios de prioridade e alocação de recursos públicos, um tema que continua a ser central no discurso político e na gestão pública no Brasil. A sociedade espera respostas claras e justificativas robustas para garantir que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente e que atendam, de fato, às necessidades mais prementes da população.


Enquanto isso, a licitação segue seu curso, e resta ver como a FAB responderá às críticas e questionamentos levantados. A transparência e a responsabilidade na gestão dos recursos públicos serão, sem dúvida, aspectos fundamentais a serem observados no desenrolar dessa situação.

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