Secretário demitido acusa governo Lula de pressão para comprar arroz e se diz “bode expiatório”


O ex-secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Neri Geller, abalou o cenário político ao declarar que foi pressionado pelo governo para organizar um leilão controverso que resultou na compra de 263 mil toneladas de arroz importado. Em uma entrevista explosiva à BandNews TV, Geller afirmou que está sendo usado como um "bode expiatório" pelo fracasso do leilão, que foi posteriormente anulado devido a suspeitas de irregularidades.


Geller pediu demissão após surgirem alegações de que teria favorecido seu filho, Marcello Geller, sócio de uma das corretoras participantes do leilão. O leilão, que custou aos cofres públicos a quantia significativa de R$ 1,3 bilhão, foi vencido por quatro empresas, das quais três não tinham histórico no mercado de compra e venda de grãos.


Em suas declarações à imprensa, Geller apontou que a pressão para realizar o leilão partiu da Casa Civil e do Ministério da Agricultura, mesmo diante das críticas do setor agropecuário. Ele ressaltou que as condições técnicas para a realização do leilão não foram seguidas corretamente, corroborando declarações prévias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


"Sem dúvida, as regras não foram seguidas. Se você buscar nos anais das reuniões que fizemos, as posições técnicas não foram seguidas. Foi de forma muito açodada", afirmou Geller.


Além disso, o ex-secretário destacou que a região Centro-Oeste teve um aumento significativo na produção de arroz e que havia também produção de outros países do Mercosul, indicando que o leilão deveria ter sido realizado de forma mais escalonada.


Em relação às acusações de favorecimento ao seu filho e ao sócio, Geller negou veementemente, afirmando que o empresário começou a atuar no leilão de grãos após deixar seu gabinete e participou de outros leilões no ano passado.


A controvérsia em torno do leilão de arroz importado traz à tona questões sobre a transparência e a integridade dos processos de aquisição do governo. A repercussão desse escândalo pode ter sérias consequências para o governo Lula, que enfrenta críticas crescentes da oposição e da sociedade civil.


Enquanto isso, o Ministério Público Federal determinou que a Polícia Federal investigue o caso, aumentando ainda mais a pressão sobre o governo e seus representantes envolvidos no episódio. A busca por responsabilização e transparência tornou-se uma demanda urgente da sociedade brasileira, que espera respostas claras e medidas concretas para combater a corrupção e garantir a lisura dos processos governamentais.


Este escândalo também levanta questões sobre a relação entre o governo e o setor agrícola, que historicamente desempenha um papel crucial na economia brasileira. A pressão para comprar arroz importado em meio a uma safra nacional já em curso levanta dúvidas sobre a eficácia das políticas agrícolas e a priorização dos interesses nacionais.


À medida que o caso continua a se desenrolar, é fundamental que haja transparência total por parte do governo e uma investigação completa e imparcial por parte das autoridades competentes. A confiança pública nas instituições democráticas do país depende da capacidade do Estado de lidar efetivamente com casos de corrupção e garantir a prestação de contas dos seus representantes.
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