URGENTE: PF faz operação contra ex-diretores das Americanas no Rio de Janeiro

Na manhã desta quinta-feira (27/6), a Polícia Federal deflagrou a Operação Disclosure, com o objetivo de investigar uma série de crimes contra o mercado financeiro e suposta formação de organização criminosa envolvendo ex-diretores e ex-executivos da renomada rede varejista Lojas Americanas. Os mandados estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro, e entre os principais alvos estão Miguel Gutierrez, ex-presidente da empresa, e João Guerra Duarte Neto, ex-CEO, além de outros 12 indivíduos ligados às altas esferas da corporação.


A investigação, autorizada por decisão judicial, foca em práticas como manipulação de mercado e uso de informação privilegiada. Segundo as autoridades, os investigados teriam engendrado "manobras fraudulentas" destinadas a alterar os resultados financeiros da empresa de forma a beneficiar-se indevidamente, através de bonificações e manipulação da cotação das ações.


As suspeitas foram corroboradas por delações premiadas de ex-diretores da empresa, Marcelo da Silva Nunes e Flávia Pereira Carneiro Mota, que detalharam um esquema de falsificação de resultados conhecido internamente como "verdes e vermelhos". Esse processo fazia parte de um kit trimestral que apresentava expectativas de crescimento financeiro aos analistas de mercado. Quando os resultados reais não atingiam as expectativas pré-determinadas, a diretoria supostamente manipulava os números para manter uma falsa percepção de desempenho positivo.


Durante a operação, foram apreendidos arquivos eletrônicos que comprovam a existência e o uso do kit "verdes e vermelhos", incluindo cópias dos comparativos entre os resultados reais e as expectativas de mercado. Além disso, e-mails e conversas internas entre os executivos da Lojas Americanas foram obtidos, evidenciando ordens diretas para inflar os números financeiros da empresa, visando alinhar-se às expectativas do mercado acionário.


Investigadores afirmam que tais práticas não só distorceram a verdadeira saúde financeira da empresa como também prejudicaram os acionistas minoritários, que operavam com base em informações inflacionadas e, consequentemente, enfrentaram prejuízos financeiros significativos. A ação da PF visa não apenas punir os responsáveis por essas fraudes, mas também reparar os danos causados aos investidores e à confiança no mercado financeiro nacional.


Até o momento, os advogados dos envolvidos não se pronunciaram sobre as acusações. A Lojas Americanas emitiu um comunicado afirmando colaboração integral com as autoridades e reforçou seu compromisso com a transparência e conformidade em suas operações. A empresa também informou que está realizando uma auditoria interna completa para avaliar os impactos das supostas irregularidades e tomar as medidas necessárias para assegurar a integridade de suas práticas corporativas futuras.


Entre os 14 investigados na Operação Disclosure, além de Miguel Gutierrez e João Guerra Duarte Neto, destacam-se nomes como Anna Christina Soteto, Carlos Eduardo Padilha, Anna Saicali, Fabio Abrate, Jean Pierre Ferreira, Fabien Picavet, Luiz Augusto Henriques, José Timotheo de Barros, Murilo dos Santos Correa, Marcio Cruz Meirelles, Maria Christina Do Nascimento e Raoni Lapagesse Franco. Todos são figuras de destaque no cenário empresarial e estão sob escrutínio rigoroso das autoridades.


A Operação Disclosure marca um passo significativo na investigação de crimes financeiros no Brasil, destacando a importância da transparência e da conformidade no ambiente corporativo. O desdobramento das investigações e as consequências legais para os envolvidos ainda estão por vir, mas o impacto inicial já sinaliza um alerta para a necessidade de rigor na fiscalização e na governança corporativa no país.


Este caso certamente continuará a evoluir à medida que novas evidências são analisadas e novas medidas judiciais são tomadas, refletindo não apenas sobre os indivíduos envolvidos, mas também sobre as instituições e práticas do mercado financeiro brasileiro como um todo.

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