Lula ataca coronel, vice de Nunes, e recebe resposta desmoralizante


No último sábado (20), durante a convenção que oficializou a candidatura de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou críticas contundentes ao vice de Ricardo Nunes, Mello Araújo. Araújo, indicado por Jair Bolsonaro, é conhecido por sua trajetória como ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e ex-presidente da Ceagesp. As declarações de Lula marcaram um ponto de tensão nas eleições municipais paulistanas deste ano.


Em seu discurso inflamado, Lula não poupou críticas ao vice de Nunes: "Tem um aí que não tinha nem candidato a vice e o Bolsonaro fez ele engolir um candidato que era quase um ditador no Ceagesp, proibia sindicato de funcionários." A referência direta ao histórico de Araújo na Ceagesp, onde foi acusado de práticas autoritárias, elevou o tom do embate político na capital paulista.


A resposta não tardou a chegar. O coronel Mello Araújo, conhecido por sua firmeza de postura e linguagem direta, contra-atacou sem rodeios: "Se o desocupado quer criticar o fato de eu ter acabado com a prostituição e a roubalheira no CEAGESP é porque ele não valoriza a ordem e o respeito. Ele invade prédio público eu prendo quem faz isso. Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és."


A troca de acusações entre Lula e Araújo não apenas polarizou o debate eleitoral como trouxe à tona questões sobre o passado e a conduta dos envolvidos. Enquanto Lula enfatiza o suposto autoritarismo de Araújo, apoiadores do coronel enaltecem sua postura enérgica no combate à ilegalidade e à corrupção na gestão pública.


O embate reflete não apenas divergências ideológicas, mas também estratégias políticas distintas para conquistar o eleitorado paulistano. Enquanto Guilherme Boulos busca consolidar sua base entre os eleitores de esquerda e centro-esquerda, Ricardo Nunes e seu vice apostam na aliança com o governo federal para atrair votos da base bolsonarista na cidade.


O histórico de Mello Araújo na Rota, uma unidade policial conhecida por seu enfrentamento direto contra o crime organizado em São Paulo, também se tornou objeto de debate. Enquanto seus apoiadores destacam sua eficiência no combate à criminalidade, críticos acusam a Rota de violações de direitos humanos e uso excessivo da força.


A Ceagesp, maior entreposto de alimentos da América Latina, viu sob a gestão de Mello Araújo uma série de reformas que visavam combater a corrupção e aumentar a eficiência operacional. Contudo, sindicatos de funcionários e outros grupos de interesse frequentemente criticaram sua gestão como autoritária e antidemocrática, acusando-o de reprimir protestos e cercear direitos trabalhistas.

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