Em uma declaração polêmica divulgada nesta terça-feira, 30 de julho de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou as preocupações internacionais sobre o processo eleitoral na Venezuela, afirmando que não há "nada de grave" ou "anormal" na condução das eleições no país vizinho. A declaração gerou uma forte reação de Sergio Moro, senador pelo União Brasil-PR, que acusou o presidente brasileiro de ser “cúmplice” da repressão do governo de Nicolás Maduro.
Moro, conhecido por sua atuação na Operação Lava Jato e por seu papel na política como opositor do governo petista, usou a rede social X para expressar seu descontentamento. Ele reagiu duramente às palavras de Lula, chamando a postura do presidente brasileiro de “vergonhosa” e acusando-o de ser conivente com a repressão autoritária em Venezuela.
Em sua primeira publicação, Moro criticou a tentativa de Lula de minimizar a situação na Venezuela. Ele mencionou a existência de "fraudes eleitorais, prisões, sequestros e mortes de manifestantes" como evidências claras de uma crise democrática no país governado por Maduro. Moro afirmou que a declaração de Lula reflete uma visão "alucinada" da realidade venezuelana e que a postura do governo brasileiro é uma forma de “cumplicidade” com a repressão do regime venezuelano.
Na sua segunda postagem, Moro intensificou suas críticas, afirmando que a “diplomacia presidencial brasileira entrou definitivamente no modo sem-vergonha”. Ele acusou o governo de Lula de adotar uma abordagem que desconsidera as violações graves dos direitos humanos e o cerceamento da liberdade política na Venezuela. Segundo Moro, a postura do governo brasileiro representa uma falha moral e política grave, ignorando a realidade de um regime que vem sendo amplamente condenado por organismos internacionais e pela opinião pública global.
A declaração de Lula sobre a situação eleitoral na Venezuela vem em um momento de crescente tensão internacional. A Venezuela tem enfrentado uma crise política e econômica severa sob o governo de Maduro, que foi amplamente criticado por organizações internacionais devido a práticas autoritárias e violações de direitos humanos. As eleições na Venezuela têm sido alvo de críticas por falta de transparência e alegações de fraude, o que gerou uma onda de condenação por parte de vários países e instituições globais.
A postura de Lula pode ser interpretada como uma tentativa de manter uma relação diplomática mais amigável com o governo venezuelano, que é um aliado estratégico em questões regionais. No entanto, essa abordagem tem gerado controvérsias, principalmente entre opositores do governo brasileiro que consideram a posição de Lula uma forma de apoio tácito a um regime amplamente criticado por práticas autoritárias.
Além das críticas de Sergio Moro, a situação política e as declarações de Lula também têm atraído a atenção de outros políticos e analistas. O deputado federal Zucco, por exemplo, aproveitou a ocasião para pressionar o governo a se posicionar com mais firmeza sobre as eleições na Venezuela e convocar o ministro das Relações Exteriores para uma discussão mais aprofundada sobre a política externa brasileira.