Maduro dobra a aposta, cita diretamente o TSE e volta a questionar as eleições no Brasil

Na noite de sábado, 27 de julho, o ditador venezuelano Nicolás Maduro gerou novo tumulto diplomático ao colocar em dúvida a integridade do sistema eleitoral brasileiro. Durante um evento com diplomatas em Caracas, Maduro afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil demonstrou “incomodidade” com a sua recente crítica ao sistema eleitoral brasileiro, chamando suas observações de uma “versão deturpada”.

“Eu afirmei que o sistema eleitoral venezuelano é o mais seguro do mundo, citando nossas 16 auditorias,” disse Maduro. “Eu não entendo por que se incomodam com isso. Fiz apenas uma afirmação de fato. Onde mais se fazem 16 auditorias? Em nenhum lugar,” completou o ditador.

A reação de Maduro surge em um contexto de crescente tensão entre os dois países. Na quarta-feira, 24 de julho, o TSE decidiu não enviar técnicos para observar as próximas eleições na Venezuela, uma medida que veio em resposta às recentes declarações de Maduro sobre o sistema eleitoral brasileiro. O TSE, em uma nota oficial, explicou que a decisão foi motivada pelo “desrespeito e pela distorção” das informações sobre o sistema eleitoral brasileiro promovidas pelo regime venezuelano.

A afirmação de Maduro sobre a suposta superioridade do sistema eleitoral venezuelano, sustentada por uma série de auditorias, contrastou com a postura crítica e o ceticismo internacional sobre as práticas eleitorais na Venezuela. A campanha eleitoral na Venezuela tem sido amplamente criticada pela comunidade internacional devido à falta de transparência e às alegações de fraude. Apesar das severas críticas, o Itamaraty, sob a liderança do governo Lula, adotou uma postura mais reservada. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, comentou na terça-feira que a eleição venezuelana deveria ser uma “oportunidade para demonstrar que a democracia está consolidada e que não há razão para sanções”.

A abordagem do governo brasileiro, refletida nas palavras de Amorim, visa a manter um equilíbrio delicado entre a crítica à administração venezuelana e o desejo de manter relações diplomáticas estáveis. Entretanto, a resposta de Bolsonaro ao comentário de Amorim indicou uma visão diferente. O ex-presidente Jair Bolsonaro considerou a declaração de Amorim como uma tentativa de tratar a crítica de Maduro como uma “crítica construtiva”, desconsiderando as preocupações mais amplas sobre a legitimidade e a transparência das eleições na Venezuela.

A recente troca de declarações entre os líderes dos dois países gerou uma nova onda de debate sobre a validade e a eficácia dos sistemas eleitorais na América Latina. Enquanto Maduro promove a imagem de um sistema venezuelano imune a falhas, o TSE e vários observadores internacionais apontam para sérias deficiências e preocupações com a integridade das eleições na Venezuela.

A disputa em torno das auditorias do sistema eleitoral venezuelano ilustra uma questão mais ampla sobre a legitimidade das instituições democráticas na região. As auditorias alegadas por Maduro têm sido questionadas por muitos observadores internacionais, que argumentam que, apesar das alegações de segurança e transparência, as eleições venezuelanas têm sido frequentemente marcadas por irregularidades e falta de confiança pública.

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