Em um recente evento para investidores realizado em São Paulo, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes lançou críticas contundentes à política econômica do governo atual, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. Guedes, que comandou o Ministério da Economia durante o governo de Jair Bolsonaro, fez uma série de afirmações e análises sobre a atual abordagem fiscal, destacando preocupações sobre o impacto no equilíbrio das contas públicas e no futuro econômico do Brasil.
Durante sua fala, Guedes acusou o governo petista de adotar uma política que, segundo ele, contribui para a expansão do tamanho do Estado, o que, em sua visão, caminha para o totalitarismo. A crítica central de Guedes foi direcionada à decisão do governo Lula de remover o teto de gastos e implementar um novo arcabouço fiscal, uma medida que ele considera um retrocesso nas políticas de responsabilidade fiscal que ele mesmo ajudou a implementar durante seu mandato.
O teto de gastos, uma política fiscal implementada no governo de Michel Temer (MDB) e que foi mantida por Bolsonaro, tinha como objetivo limitar o crescimento das despesas públicas, ajudando a controlar o déficit fiscal e a dívida pública. Guedes afirmou que a decisão de Lula de retirar esse teto foi um exemplo claro de “chutar o balde”. Segundo ele, a remoção do teto e a substituição por um novo arcabouço fiscal indicam uma abordagem mais permissiva e menos rigorosa em relação ao controle de gastos públicos.
"Assim que o governo chegou, tirou o teto, tirou tudo e falou: ‘Vou chutar o balde, vou fazer o que eu quiser'”, disse Guedes. Ele argumentou que essa mudança representa um movimento para o outro extremo, onde o governo busca expandir o papel do Estado em vez de buscar eficiência e contenção de despesas.
Guedes destacou que a expansão dos gastos públicos, sem um controle adequado, tende a pressionar o aumento de impostos e a gerar um “endividamento em bola de neve”. Ele explicou que o aumento das despesas sem uma correspondente elevação na arrecadação pode levar a uma situação onde o governo é forçado a aumentar impostos para cobrir o déficit crescente, o que, por sua vez, irrita a população e contribui para um ciclo de insatisfação e dificuldades econômicas.
"Na hora que o excesso de gasto começa a pressionar aumento de impostos, aí fica todo mundo irritado, aí vem endividamento em bola de neve, juro alto, fica todo mundo irritado de novo”, afirmou Guedes. Essa visão reflete uma preocupação com a sustentabilidade das finanças públicas e o potencial impacto adverso sobre a economia.
Em sua fala, Guedes também fez uma retrospectiva de sua gestão no Ministério da Economia, ressaltando a importância do teto de gastos durante seu período no cargo. Ele reconheceu que, em alguns momentos, como durante a pandemia de covid-19, o governo de Bolsonaro precisou ultrapassar o teto para enfrentar a crise sanitária e econômica. No entanto, Guedes defendeu que essa exceção foi necessária e que, em geral, o teto funcionou como um “teto retrátil”, permitindo uma certa flexibilidade em situações excepcionais.