Em meio a um cenário de tensão crescente na Venezuela, o chefe das Forças Armadas Nacional Bolivariana, Vladímir Padrino López, reafirmou a "absoluta lealdade e apoio incondicional" ao ditador Nicolás Maduro, declarando que ele "foi legitimamente reeleito pelo Poder Popular e proclamado pelo Poder Eleitoral para o próximo período presidencial 2025-2031". A declaração de Padrino López ocorreu em um contexto de protestos massivos que tomaram conta do país desde a divulgação dos resultados das eleições do último domingo (28).
Segundo o chefe das Forças Armadas, os protestos que eclodiram nos últimos dois dias são atos de terrorismo e sabotagem, alegadamente promovidos por estruturas internacionais com o objetivo de desacreditar o processo eleitoral. "São expressões de ódio e irracionalidade que formam parte de um plano preconcebido por grupos políticos que sabiam que seriam derrotados. Além disso, comportam uma tentativa de golpe de Estado midiático, suportado pelas redes sociais e apoiado pelo imperialismo norte-americano e seus aliados externos e internos", afirmou Padrino López.
Desde o anúncio da vitória de Maduro, diversos atos de contestação ao resultado têm ocorrido por todo o território venezuelano. Segundo o Ministério Público venezuelano, até o momento, 759 pessoas foram presas, 48 policiais ficaram feridos e um membro da Guarda Bolivariana foi morto por arma de fogo. Já a organização não governamental Foro Penal calcula que seis manifestantes tenham sido mortos desde a última segunda-feira (29).
Em suas declarações, Padrino López relatou a destruição de centros eleitorais, prédios públicos e privados, comandos militares e policiais, além de "símbolos da identidade nacional como o índio Coromoto em Guanare e esculturas do comandante Chávez, entre outros". Ele também criticou os líderes oposicionistas, referindo-se a eles como "pseudolíderes" e "organizações criminais", acusando-os de se esconderem covardemente no exterior enquanto executam seus planos. "Muitos deles já foram plenamente identificados, capturados e processados judicialmente", acrescentou.
O chefe militar fez um apelo à população para que "não caia em provocações nem manipulações que fomentem a violência e a intolerância", buscando assim conter os ânimos e reduzir as tensões nas ruas.
O cenário de crise na Venezuela também repercutiu fortemente no Brasil. O senador Magno Malta criticou o apoio das Forças Armadas venezuelanas a Maduro, afirmando que o líder da oposição foi preso sob justificativas semelhantes às utilizadas no Brasil. "O que está acontecendo na Venezuela é um filme que nós já vimos", resumiu Malta.
Durante um pronunciamento, Magno Malta leu uma longa lista de países que não reconheceram a "eleição" de Maduro e ironizou as narrativas da Rede Globo, que tentou associar Maduro aos conservadores, sendo desmentida pelo próprio PT e pelo porta-voz de Lula na Venezuela. Malta destacou as incoerências na forma como figuras políticas brasileiras avaliam a situação na Venezuela comparativamente ao Brasil.
O senador relembrou que, durante o processo eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu Jair Bolsonaro de afirmar que Lula era amigo de Maduro. No entanto, após a posse de Lula, Maduro foi recebido com honras de chefe de estado no Brasil, um gesto que Malta criticou severamente. "Ele desce no Brasil e recebe continência dos generais do Brasil. Respeito zero deles com a nação brasileira, com a tropa, e respeito zero, também, de nós para eles", declarou o senador, em um claro descontentamento com a postura dos militares brasileiros diante da situação.
A crise na Venezuela continua a se desdobrar, com a população dividida entre os que apoiam Maduro e aqueles que clamam por mudanças. O apoio incondicional das Forças Armadas ao regime de Maduro é um fator determinante para a manutenção do status quo, enquanto a comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos dos eventos no país. A solidariedade expressa pelos militares a um governo amplamente contestado levanta questionamentos sobre o futuro da Venezuela e a influência do socialismo em suas instituições.