“Céu esmagará comunistas”, diz Milei após ataque de Maduro


Nesta segunda-feira, 5 de agosto de 2024, a crise diplomática entre Argentina e Venezuela alcançou novos níveis de acirramento após uma troca de acusações públicas entre os líderes dos dois países. O presidente argentino, Javier Milei, utilizou a rede social X para responder a ataques do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que, em um evento recente, acusou Milei e o empresário Elon Musk de estarem envolvidos com seitas satânicas e fascismo.


A disputa começou no domingo, 4 de agosto, quando Maduro, em um discurso para a Guarda Nacional Bolivariana (GNB), afirmou que Milei e Musk estariam associados a grupos ocultistas e fascistas, afirmando que suas ações representam uma batalha espiritual entre o bem e o mal. Maduro mencionou especificamente símbolos diabólicos associados a Musk e comparou a situação atual na Venezuela ao regime nazista liderado por Adolf Hitler. Para o presidente venezuelano, a disputa vai além da política, sendo uma questão de "luta espiritual" e "humanismo".


Milei respondeu a essas acusações de forma contundente. Em sua mensagem no X, o presidente argentino alegou que o céu "esmagará" os comunistas e criticou a "impiedade" de Maduro. Milei enfatizou que a força para a vitória vem de Deus e não do número de soldados. Embora educado como católico, Milei tornou-se mais próximo do judaísmo e alinhou sua política externa com os Estados Unidos e Israel, uma postura que o distanciou da ideologia socialista de Maduro.


Este confronto não é apenas uma questão diplomática. Milei também foi um dos primeiros a declarar que as eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho foram uma "fraude" e um "golpe eleitoral". Maduro, por sua vez, defendeu os resultados e insistiu que mais de 80% das seções eleitorais confirmam a vitória de Edmundo González Urrutia. A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, também desafiou os resultados oficiais, argumentando que não há dúvidas sobre a vitória de González Urrutia.


O embate entre Milei e Maduro reflete um panorama mais amplo de tensões na América Latina, com uma polarização crescente entre líderes que representam visões de mundo radicalmente diferentes. Enquanto Maduro defende o chavismo e uma abordagem anti-imperialista, Milei adota uma postura mais alinhada com as potências ocidentais e critica abertamente o regime venezuelano.


Essa escalada de hostilidades também tem implicações para as relações internacionais da Argentina e da Venezuela. A retórica de Milei e Maduro demonstra uma falta de disposição para o diálogo e uma crescente disposição para confrontos ideológicos. A postura de Milei, especialmente sua associação com líderes ocidentais e o judaísmo, pode agravar ainda mais a situação, considerando que Maduro já havia tentado vincular a ideologia de Milei ao fascismo.


O discurso de Maduro também pode ter repercussões internas e externas. Ao vincular a situação da Venezuela ao "fascismo criminoso" e a seitas ocultistas, ele tenta galvanizar a base de apoio interna e justificar suas políticas como uma luta contra forças malignas. Para os críticos de Maduro, essa retórica pode ser vista como uma tentativa de desviar a atenção das questões econômicas e sociais enfrentadas pelo país, como a inflação, escassez de produtos básicos e a crise humanitária.

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