Encurralado, Moraes consegue mais um subterfúgio para procrastinar decisão sobre Daniel Silveira

 


O cenário jurídico brasileiro tem sido marcado por um novo desdobramento na situação do ex-deputado Daniel Silveira. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), requisitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o pedido de progressão de regime solicitado pela defesa de Silveira. Este pedido surge em meio a um histórico de contestações e decisões controversas que envolvem o ex-parlamentar.


A defesa de Daniel Silveira, liderada pelo advogado Paulo Faria, tem buscado, há várias semanas, a transferência de Silveira para o regime semiaberto. Segundo Faria, a progressão de regime já deveria ter ocorrido há 98 dias. Alega-se que Silveira já cumpriu 25% da pena de oito anos e nove meses que lhe foi imposta pelo STF em abril de 2022. No entanto, a solicitação para a mudança de regime tem sido sistematicamente rejeitada pelo ministro Alexandre de Moraes.


A situação se agravou com a recente intimação da PGR, a qual, segundo Faria, é vista pela defesa como uma tentativa de procrastinar o processo. O advogado declarou que considera o ato desnecessário, uma vez que a comprovação do pagamento da multa já foi feita. “Entendo que esse ato é desnecessário, pois Moraes já teve a comprovação do pagamento da multa, e no entender da defesa, ele está procrastinando a progressão de Daniel, mais uma vez, utilizando-se de subterfúgios e amarras para deixá-lo preso, ilegalmente,” afirmou Faria.


A progressão de regime é um direito previsto por lei para aqueles que já cumpriram uma parte significativa de sua pena e demonstraram comportamento adequado. A defesa argumenta que Silveira já alcançou os requisitos necessários para a mudança de regime, e que a manutenção no regime fechado é injustificada e desproporcional. Até o momento, todos os pedidos anteriores de progressão de regime foram rejeitados por Moraes, levando a um impasse que tem gerado considerável tensão.


O caso de Daniel Silveira não é simples e está longe de ser isolado. A condenação de Silveira foi resultado de um processo iniciado pela Procuradoria-Geral da República em fevereiro de 2021, culminando na sentença de abril de 2022. A condenação foi marcada por um intenso debate político e jurídico. No entanto, o cenário político voltou a mudar no dia seguinte à decisão do STF, quando o então presidente Jair Bolsonaro concedeu um indulto a Silveira, perdoando sua pena.


O indulto, porém, foi de curta duração. Em maio de 2023, a decisão dos ministros do STF resultou na anulação do benefício concedido por Bolsonaro. A revogação do indulto trouxe de volta a situação de Silveira ao foco das atenções, com novas batalhas jurídicas sendo travadas para determinar sua situação penal e o regime ao qual ele deve estar submetido.


A intimação da PGR pelo ministro Moraes pode ser vista como um reflexo do complexo e muitas vezes conturbado processo judicial que envolve o ex-deputado. Moraes, como um dos principais responsáveis pelo julgamento de Silveira, está no centro dessa questão e suas decisões têm sido alvo de críticas tanto da defesa quanto de outros setores da sociedade.

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