Histórico diretor da Globo revela porque não assiste mais a emissora

 No cenário televisivo brasileiro, poucos nomes possuem a trajetória e o impacto de Daniel Filho. Diretor responsável por obras que marcaram gerações, como Irmãos Coragem (1970) e *Dancin' Days (1978), Daniel, com uma carreira que abrange várias décadas, recentemente revelou sua decepção com o atual estado da TV aberta, especialmente com as novelas da Rede Globo, onde construiu grande parte de sua trajetória.


Durante o lançamento do livro O Lado B de Boni, que ocorreu na última terça-feira (6), Daniel Filho expressou abertamente seu descontentamento com a qualidade das novelas produzidas pela emissora que um dia ele ajudou a moldar. "Não sei o que aconteceu, mas deu uma caída na qualidade", afirmou o diretor, demonstrando seu desapontamento com o rumo que a teledramaturgia brasileira tomou nos últimos anos.

Daniel Filho, que dirigiu algumas das produções mais icônicas da TV brasileira, como Véu de Noiva (1969), Selva de Pedra (1972) e O Astro (1977), não poupou críticas ao atual estado das produções globais. Ele declarou que, mesmo durante sua carreira ativa, seu interesse por novelas já era baixo, e que agora é praticamente nulo. "Já não assistia muito quando fazia, agora... Não sei o que aconteceu. Mas deu uma caída na qualidade", reforçou.

Essa opinião do diretor reflete uma percepção que muitos telespectadores e críticos de televisão têm compartilhado nos últimos anos. As novelas da Globo, que outrora eram sinônimo de qualidade e inovação, têm enfrentado críticas sobre a repetição de fórmulas, falta de ousadia nos roteiros e a perda de relevância em um cenário onde as opções de entretenimento são vastas e diversificadas.

Daniel Filho, que atualmente prefere consumir conteúdos em plataformas de streaming e no YouTube, afirmou que já não se interessa mais pela programação da TV aberta. "Sabe ao que eu assisto? Assisto muito ao YouTube e streamings. Não vejo televisão aberta", declarou. Essa mudança de hábito é um reflexo claro da transformação no consumo de mídia, onde a flexibilidade e a variedade oferecidas pelas plataformas digitais têm conquistado cada vez mais espectadores, inclusive aqueles que, como Daniel, moldaram a TV brasileira.

Ao ser questionado sobre sua contribuição para a teledramaturgia brasileira, Daniel Filho foi modesto em sua resposta. "Nenhuma. Eu fiz o meu trabalho, só isso. Trabalhei e trabalhei", disse ele, demonstrando uma humildade que contrasta com a grandiosidade de seu legado. No entanto, é inegável que seu trabalho foi fundamental para a consolidação da televisão no Brasil, especialmente durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, quando dirigiu produções que ainda hoje são lembradas com carinho pelo público.

A parceria com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, foi um dos pontos altos da carreira de Daniel Filho, e ele fez questão de ressaltar a importância dessa colaboração. "Formamos uma dupla por várias décadas. Temos uma grande amizade e foi uma honra ter trabalhado com ele", comentou o diretor, destacando a importância dessa parceria para o sucesso das produções que comandaram juntos.

A crítica de Daniel Filho à qualidade atual das novelas da Globo é um reflexo das mudanças profundas pelas quais a televisão tem passado nas últimas décadas. Com a ascensão das plataformas de streaming, a competição pela atenção do público se intensificou, e a TV aberta, que por tanto tempo reinou absoluta, precisa se reinventar para não perder relevância.

A declaração do diretor também levanta questões sobre o futuro da teledramaturgia brasileira. Será que as novelas, um dos pilares da cultura popular no Brasil, conseguirão se adaptar aos novos tempos? Ou estamos testemunhando o declínio de um formato que, por décadas, foi sinônimo de entretenimento de qualidade?

Para muitos, ouvir um ícone como Daniel Filho declarar que já não assiste mais às novelas da Globo é um sinal claro de que algo precisa mudar. Sua trajetória na televisão brasileira foi marcada pela inovação e pela qualidade, e suas palavras refletem uma preocupação genuína com o futuro da teledramaturgia nacional.

Enquanto isso, o público continua a migrar para as plataformas digitais, buscando conteúdos que atendam às suas novas demandas e expectativas. E a TV aberta, diante desse cenário, enfrenta o desafio de se reinventar para continuar a ser relevante em um mundo cada vez mais conectado e exigente.

A fala de Daniel Filho não apenas ecoa as críticas que muitos têm feito, mas também serve como um alerta: a televisão brasileira, especialmente suas novelas, precisa voltar a surpreender, a inovar, e a oferecer ao público algo que realmente valha a pena assistir. Somente assim poderá reconquistar a atenção daqueles que, como o próprio diretor, preferem hoje explorar as infinitas possibilidades oferecidas pelo YouTube e pelas plataformas de streaming.
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