Em uma entrevista recente, o ex-deputado federal José Genoíno (PT) expressou sua insatisfação com a demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reconhecer a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas no domingo (28). Genoíno, conhecido por sua longa trajetória no Partido dos Trabalhadores e seu envolvimento em questões de política internacional, acredita que o governo brasileiro deveria ter agido com mais rapidez e clareza nesse sentido.
De acordo com Genoíno, a Venezuela, ao longo de sua história, tem demonstrado uma significativa autonomia e soberania, realizando um número considerável de eleições e consultas populares. O ex-deputado destacou que a estabilidade política da Venezuela e a vitória de Maduro representam não apenas uma questão interna, mas também um ponto de influência para a dinâmica política da América Latina.
Genoíno sublinhou que a vitória de Maduro é um sinal claro da derrota da direita na Venezuela, o que, segundo ele, enfraquece o avanço internacional da extrema-direita e reforça a tradição brasileira de não intervenção nos assuntos internos de outros países. O ex-deputado fez um apelo para que o governo Lula reconheça a vitória de Maduro e mantenha a tradição brasileira de respeitar a soberania das nações vizinhas.
“O Brasil tem uma tradição e uma história que não pode ficar se metendo nos assuntos internos desse ou daquele país. Eu acho que ele tem que pensar grande porque o que está em jogo é se nós vamos integrar regionalmente a América do Sul”, afirmou Genoíno. Segundo ele, o foco do governo brasileiro deve estar na promoção da integração regional e no fortalecimento dos veículos regionais, em vez de se perder em detalhes menores ou em questões de forma.
O ex-deputado também trouxe à tona as declarações trocadas entre os presidentes Lula e Maduro durante o processo eleitoral na Venezuela. Ele ressaltou que o que está em jogo é algo estratégico e de grande importância para a região. “Esses problemas de forma, esses problemas de detalhe, não podem cobrir o que está em jogo, que são interesses geopolíticos poderosos para conter um projeto de transformação”, afirmou Genoíno, ressaltando a necessidade de uma visão mais ampla e estratégica.
Além de Genoíno, o esquerdista Valério Arcary, um antigo petista, também se posicionou sobre a questão. Arcary fez um apelo para que o governo Lula reconheça o resultado das eleições na Venezuela, embora tenha enfatizado a importância da transparência no processo eleitoral. Segundo ele, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, está exigindo a publicação das atas para confirmar a vitória de Maduro. Arcary observou que, embora seja crucial garantir total transparência, também é importante reconhecer que a campanha política que denuncia possíveis fraudes é uma constante em qualquer circunstância eleitoral.
“O governo Lula tem responsabilidades. Eu vejo pelas notícias que o [assessor especial da Presidência] Celso Amorim está exigindo a publicação das atas para dizer que reconhece a vitória do Maduro. Nós temos que pedir total transparência, mas, ao mesmo tempo, reconhecer que o que está acontecendo é uma campanha política denunciando que há fraude. Esta campanha aconteceria em qualquer circunstância”, destacou Arcary.