Na manhã desta quarta-feira, 14 de agosto de 2024, o pastor Silas Malafaia, uma das vozes mais influentes entre os evangélicos no Brasil, elevou o tom de suas críticas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Malafaia chamou Moraes de "ditador desgraçado" e defendeu abertamente a prisão do magistrado, a quem acusa de "rasgar a Constituição" e de conduzir inquéritos que, segundo ele, são "imorais e ilegais".
O estopim para a nova onda de ataques de Malafaia foi uma reportagem publicada pelo jornal *Folha de S.Paulo*, que revelou que Moraes teria utilizado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos procedimentos oficiais para investigar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o jornal, as investigações conduzidas pelo ministro foram realizadas sem o cumprimento de formalidades jurídicas, o que gerou fortes reações entre os críticos de Moraes, incluindo o pastor.
"Eu denuncio há mais de dois anos esse ditador desgraçado. Ele rasga a Constituição repetidamente. Ele comanda inquéritos imorais, ilegais," disse Malafaia no vídeo, em tom enérgico. O pastor tem sido um crítico consistente das ações de Moraes, especialmente no que diz respeito aos inquéritos abertos contra apoiadores de Bolsonaro, que ele considera uma perseguição política. Malafaia também aproveitou a oportunidade para pedir o impeachment de Moraes, sugerindo que o magistrado deve "ser preso pelos seus crimes".
Além de criticar diretamente Alexandre de Moraes, Malafaia também dirigiu suas palavras ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), responsável por aceitar ou não pedidos de impeachment contra ministros do STF. "Minha pergunta, senhor Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e demais senadores, é: vocês não vão abrir um processo de impeachment contra esse indivíduo? Se não o fizerem, estarão completamente desmoralizados e não são dignos de representar o povo no Senado," declarou Malafaia, expressando sua frustração com a falta de ação por parte do Legislativo.
O pastor foi além, questionando a postura dos outros ministros do Supremo Tribunal Federal. "E os outros ministros do STF, vão se calar? Concordam com os crimes de Alexandre de Moraes?", perguntou Malafaia, em um desafio direto aos colegas de Corte de Moraes. O silêncio do restante dos ministros diante das ações de Moraes tem sido visto por alguns críticos como uma forma de cumplicidade, o que só aumenta a tensão política em torno do caso.
A divulgação do vídeo rapidamente repercutiu nas redes sociais, dividindo opiniões. Enquanto os apoiadores de Malafaia e de Bolsonaro aplaudem a postura firme do pastor, críticos apontam que suas declarações são incendiárias e podem agravar a polarização política já intensa no país. Para os defensores de Malafaia, ele está exercendo seu direito de liberdade de expressão e denunciando o que consideram ser abusos de poder por parte do STF. Já os que se opõem às suas declarações argumentam que o discurso do pastor é perigoso e pode levar a uma erosão das instituições democráticas.
Essa não é a primeira vez que Silas Malafaia entra em confronto direto com Alexandre de Moraes. Ao longo dos últimos anos, o pastor tem sido um crítico ferrenho das decisões do ministro, especialmente aquelas relacionadas a inquéritos que atingem figuras ligadas ao bolsonarismo. Para Malafaia, as ações de Moraes configuram uma perseguição política e um ataque à liberdade de expressão, argumentos que ele tem repetido em diversas ocasiões.
Rodrigo Pacheco, por sua vez, tem sido cauteloso ao lidar com os pedidos de impeachment contra ministros do STF, o que lhe rendeu críticas tanto da esquerda quanto da direita. Até o momento, Pacheco não deu sinais de que irá aceitar o pedido de impeachment contra Moraes, o que deve intensificar ainda mais a pressão sobre ele. A omissão do presidente do Senado é vista por muitos como uma tentativa de evitar um confronto direto com o Judiciário, mas também como uma atitude que pode desmoralizar o Senado perante a opinião pública.
No campo jurídico, as acusações de Malafaia colocam Alexandre de Moraes em uma posição delicada. Embora seja improvável que o ministro comente as declarações do pastor, as críticas públicas e os pedidos de impeachment colocam em xeque a legitimidade de suas ações, especialmente em um contexto político tão polarizado como o atual. A pressão sobre Moraes não vem apenas de figuras como Malafaia, mas também de diversos setores da sociedade que estão insatisfeitos com o que percebem como uma atuação excessiva do STF nos últimos anos.
A situação promete se agravar nos próximos dias, à medida que mais figuras públicas se posicionem sobre o caso e que o descontentamento popular com as instituições brasileiras continue a crescer. O Brasil, mais uma vez, parece estar à beira de uma crise institucional, com as tensões entre os Poderes Legislativo e Judiciário aumentando e colocando à prova a estabilidade democrática do país.