Moraes é recordista em pedidos de impeachment no senado


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou-se, desde 2021, o principal alvo de pedidos de impeachment no Senado Federal, acumulando 22 solicitações de impedimento até o momento. O número expressivo reflete a crescente polarização política no Brasil e a posição central de Moraes em investigações que têm gerado controvérsias significativas, especialmente entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Desde que assumiu a relatoria de inquéritos que investigam a disseminação de fake news e ataques contra a democracia, Moraes tem sido criticado por setores da sociedade que enxergam em suas ações uma suposta parcialidade e abuso de poder. Esses inquéritos, iniciados para combater a desinformação e proteger as instituições democráticas, acabaram por colocá-lo na mira de diversos grupos políticos, que veem na atuação do ministro uma ameaça às suas liberdades.


A atuação de Moraes nos inquéritos mais sensíveis e o impacto de suas decisões sobre figuras proeminentes do cenário político nacional desencadearam uma série de pedidos de impeachment. O ano de 2021 foi especialmente movimentado nesse sentido, com 13 solicitações protocoladas na Mesa Diretora do Senado. Em 2022, mais cinco pedidos foram adicionados ao histórico de Moraes, e em 2023, o número chegou a quatro, totalizando os 22 atuais. O aumento nos pedidos de impeachment acompanha a escalada de tensões políticas no país, que culminaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, investigados justamente pelo ministro.


O episódio mais recente que contribuiu para o aumento das solicitações de impeachment contra Moraes ocorreu após ele ter sido alvo de provocações no aeroporto de Roma. A repercussão desse incidente trouxe novamente à tona a polarização em torno de sua figura, intensificando o sentimento de animosidade entre seus críticos. O episódio exemplifica como ações relacionadas a Moraes continuam a acirrar os ânimos no cenário político brasileiro, levando a novas tentativas de impedi-lo de continuar exercendo suas funções no STF.


No entanto, Alexandre de Moraes não é o único ministro do Supremo a enfrentar pedidos de impeachment. Outros membros da Corte também têm sido alvos de solicitações semelhantes, embora em menor escala. O ministro Luís Roberto Barroso, por exemplo, ocupa a segunda posição nesse ranking, com 14 pedidos de impeachment desde 2021. Barroso, que também desempenha um papel central em decisões polêmicas, gerou descontentamento especialmente após sua declaração de que “derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia”, o que resultou em um dos pedidos de impedimento contra ele.


Gilmar Mendes, outro ministro frequentemente envolvido em decisões de grande impacto, acumula cinco pedidos de impeachment, seguido por Cármen Lúcia, com quatro. Ricardo Lewandowski, que já se aposentou, aparece com três pedidos, assim como Dias Toffoli e Edson Fachin. Rosa Weber, por sua vez, conta com dois pedidos de impedimento. Já os ministros André Mendonça e Nunes Marques, indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda não possuem pedidos de impeachment individuais, mas ambos são mencionados em uma petição que solicita o impedimento de todos os ministros do STF, refletindo a insatisfação generalizada de certos grupos políticos com a atuação da Suprema Corte como um todo.


Apesar do elevado número de pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes e seus colegas, é importante destacar que tais solicitações raramente resultam em processos formais ou afastamento dos ministros. O impeachment de um ministro do STF é um processo extremamente complexo e exige, além de provas concretas, um significativo apoio político no Senado, o que torna esses processos mais difíceis de serem levados adiante.


A série de pedidos de impeachment também pode ser interpretada como uma estratégia de desgaste político. Grupos insatisfeitos utilizam essas solicitações como uma forma de expressar oposição e pressionar os ministros do Supremo, especialmente em um momento em que a tensão entre os Poderes da República é evidente. O Judiciário, em especial o STF, tem sido frequentemente colocado em confronto direto com o Legislativo e o Executivo, o que agrava a percepção de uma crise institucional no Brasil.


Em suma, o recorde de pedidos de impeachment acumulados por Alexandre de Moraes ilustra o clima político acirrado e polarizado que domina o Brasil atualmente. A posição do ministro no centro de importantes investigações o tornou um alvo recorrente de ataques e críticas, especialmente por parte de grupos que questionam sua imparcialidade e seu papel na defesa das instituições democráticas. A situação evidencia os desafios enfrentados pelo STF em manter sua independência e legitimidade em um contexto de crescente divisão política e social no país. A postura de Moraes e a continuidade de sua atuação à frente de investigações sensíveis continuarão a ser observadas de perto, tanto por seus apoiadores quanto por seus críticos, à medida que o cenário político brasileiro evolui.

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