Nesta quinta-feira (1º), o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) fez uma declaração polêmica ao comparar o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). A fala ocorreu durante uma entrevista ao blog de Leonardo Sakamoto, do UOL. O parlamentar destacou semelhanças entre os dois líderes políticos, apesar das diferenças ideológicas aparentes.
“A oposição queria no Brasil um regime de Maduro com Bolsonaro. E o que o Maduro tá querendo na Venezuela é um regime dele próprio, é um regime bolsonarista com Maduro. Então, um é face do outro, é contraface do outro. Um é cara-coroa do outro. Se ver amiúde, Sakamoto, são cópias”, afirmou Rodrigues.
A comparação entre Maduro e Bolsonaro gerou repercussão imediata nas redes sociais e entre analistas políticos. Para muitos, a declaração de Randolfe reforça a polarização política no Brasil e na América Latina, onde a luta entre ideologias distintas tem se intensificado nos últimos anos.
Rodrigues continuou sua crítica, apontando para o uso do poder estatal como uma ferramenta de intimidação. “O que existe, eles queriam um regime igual do Maduro no Brasil, só que com o Bolsonaro no poder. São duas faces da mesma moeda”, disse ele. Além disso, o senador afirmou que Maduro utiliza do aparato bélico do Estado para intimidar eleitores, uma prática que ele vê como comparável às ações de Bolsonaro durante seu mandato.
O comentário de Randolfe Rodrigues reflete uma visão amplamente discutida entre seus aliados, que enxergam paralelos entre as táticas de controle e repressão utilizadas pelos dois líderes. Contudo, é importante notar que Maduro não tem questionado o resultado das eleições na Venezuela; pelo contrário, é a oposição que tem denunciado a fraude cometida pelo ditador e pede para que as atas sejam divulgadas para provar quem realmente venceu a eleição no último domingo (28).
Na entrevista, Randolfe também destacou que as táticas de deslegitimação do processo eleitoral são semelhantes nos dois países. “Lá, o mesmo questionamento ao processo eleitoral que faziam aqui para deslegitimar o processo eleitoral, o Maduro faz na Venezuela”, afirmou o senador, apesar de essa informação não ser precisa, já que Maduro não tem questionado os resultados das eleições venezuelanas.
A fala de Randolfe ocorre em um momento de grande tensão política na Venezuela, onde as recentes eleições têm sido alvo de intensas disputas e alegações de fraude. A oposição venezuelana tem clamado por transparência e pela divulgação das atas de votação para garantir que o verdadeiro vencedor seja reconhecido.
Por outro lado, no Brasil, a comparação com Bolsonaro alimenta o debate sobre a atuação do ex-presidente e suas tentativas de influenciar o sistema eleitoral. Durante seu mandato, Bolsonaro frequentemente questionou a integridade das urnas eletrônicas e sugeriu, sem provas, que o sistema eleitoral brasileiro era suscetível a fraudes. Essas alegações foram amplamente criticadas e consideradas infundadas por especialistas em segurança eleitoral.
A reação à declaração de Randolfe foi variada. Alguns apoiadores do senador concordaram com a comparação, argumentando que ambos os líderes utilizam estratégias semelhantes para manter o controle e intimidar opositores. Outros, no entanto, criticaram a comparação, considerando-a exagerada e inadequada.
Para o cientista político Carlos Eduardo Silva, a comparação feita por Randolfe pode ser vista como uma estratégia para chamar a atenção para os perigos de regimes autoritários. “Ao comparar Maduro com Bolsonaro, Randolfe está tentando destacar as ameaças à democracia que ambos representam, ainda que de formas diferentes”, explicou Silva.
No entanto, ele também alertou que tais comparações podem polarizar ainda mais o debate político e dificultar a busca por soluções consensuais. “Em um ambiente político já tão dividido, essas comparações podem servir para aprofundar as divisões e tornar o diálogo ainda mais difícil”, acrescentou.
Enquanto isso, líderes da oposição brasileira responderam às declarações de Randolfe com críticas contundentes. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) classificou a comparação como absurda e acusou o senador de tentar manipular a opinião pública. “Randolfe está tentando criar uma falsa equivalência entre um ditador e um presidente democraticamente eleito”, disse Eduardo em um comunicado.
A situação política na Venezuela e as eleições de 2024 continuam a ser temas de grande interesse e controvérsia, tanto na região quanto internacionalmente. A comparação feita por Randolfe Rodrigues certamente adiciona mais combustível ao debate, destacando as tensões entre diferentes visões de governança e democracia na América Latina. À medida que a situação se desenrola, é provável que novas declarações e reações continuem a surgir, moldando o discurso político e a percepção pública sobre esses líderes e suas políticas.