AGORA: EUA apreendem avião de Nicolás Maduro na República Dominicana


Os Estados Unidos realizaram uma apreensão sem precedentes nesta segunda-feira, 2 de setembro de 2024, ao confiscar o avião presidencial da Venezuela, utilizado por Nicolás Maduro em visitas oficiais ao redor do mundo. A ação ocorreu após autoridades americanas determinarem que a aquisição da aeronave violava sanções impostas pelos EUA, além de estar envolvida em outras questões criminais. A apreensão do avião, descrito como o equivalente venezuelano ao Air Force One, representa um novo marco na já conturbada relação entre os dois países e reflete a contínua pressão dos EUA sobre o governo de Maduro.


O avião, avaliado em cerca de 13 milhões de dólares, estava estacionado na República Dominicana nos últimos meses. Segundo as autoridades americanas, essa foi uma oportunidade para realizar a apreensão, já que a aeronave estava fora do território venezuelano. Várias agências federais dos EUA participaram da operação, incluindo a Homeland Security Investigations (HSI), o Departamento de Comércio, o Departamento de Indústria e Segurança, e o Departamento de Justiça. As autoridades americanas cooperaram estreitamente com a República Dominicana, que notificou a Venezuela sobre a ação.


Uma das autoridades americanas envolvidas na operação, ao ser entrevistada pela CNN, destacou o caráter inédito da apreensão de um avião presidencial de um chefe de Estado estrangeiro. "Estamos enviando uma mensagem clara de que ninguém está acima da lei, ninguém está fora do alcance das sanções dos EUA", afirmou a autoridade, ressaltando a seriedade da medida e seu impacto direto sobre o governo de Maduro.


Este evento marca uma nova escalada na estratégia dos Estados Unidos de combater o que consideram práticas corruptas do regime venezuelano. Desde o início das sanções e investigações, as autoridades americanas têm se empenhado em interromper o fluxo de recursos financeiros que sustentam o governo de Maduro. A HSI, por exemplo, já apreendeu dezenas de veículos de luxo e outros bens com destino à Venezuela, além de ter interrompido receitas ilícitas estimadas em 2 bilhões de dólares nos últimos anos.


A apreensão do avião ocorre em um contexto de crescente tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela. Recentemente, os EUA reimpuseram sanções ao setor de petróleo e gás da Venezuela em resposta à falha do governo Maduro em realizar "eleições inclusivas e competitivas". Essas sanções, somadas a outras medidas restritivas, têm sido parte de um esforço mais amplo para isolar economicamente o governo venezuelano e forçar mudanças políticas no país.


Além disso, a apreensão do avião presidencial se insere em um quadro mais amplo de investigações criminais contra Nicolás Maduro e outros altos funcionários venezuelanos. Em março de 2020, o Departamento de Justiça dos EUA acusou Maduro e 14 outros funcionários de envolvimento em narcoterrorismo, tráfico de drogas e corrupção. Essas acusações estão relacionadas à alegada colaboração do governo venezuelano com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para facilitar o envio de toneladas de cocaína aos Estados Unidos, o que teria causado sérios danos às comunidades americanas.


O confisco do avião agora apreendido poderá ser formalizado nos próximos meses, quando o governo venezuelano terá a oportunidade de apresentar uma petição e reunir provas para contestar a medida. No entanto, considerando o histórico de acusações e sanções contra o regime de Maduro, é improvável que essa contestação tenha sucesso, especialmente diante da posição firme dos Estados Unidos em relação à Venezuela.


A apreensão também ocorre em um momento delicado para a Venezuela, que enfrenta uma grave crise econômica e humanitária. Mais de 7,7 milhões de venezuelanos já fugiram do país nos últimos anos, tornando-se o maior deslocamento de pessoas no Hemisfério Ocidental. A crise foi agravada pela reeleição controversa de Maduro em julho, que levou a uma nova onda de sanções e ao isolamento diplomático do país.


Essa ação dos Estados Unidos, ao apreender o avião presidencial de Nicolás Maduro, envia um recado claro ao governo venezuelano e ao mundo: as práticas corruptas e ilegais não serão toleradas, independentemente do poder ou posição dos envolvidos. Enquanto a crise na Venezuela continua a se desenrolar, a comunidade internacional observa de perto, ciente de que as tensões entre os EUA e a Venezuela estão longe de ser resolvidas.

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