Bolsonaro: ‘Ditador’ Moraes faz mais mal ao Brasil do que Lula


Neste 7 de setembro, em um ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro discursou diante de uma multidão de apoiadores que se reuniram para protestar contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação tinha como principal objetivo pedir o impeachment de Moraes, que tem sido alvo de críticas constantes de Bolsonaro e seus aliados por conta de decisões judiciais que, segundo eles, configuram abuso de poder. 


Bolsonaro começou sua fala abordando o que considera ser uma perseguição política direcionada a ele, resultado de sua luta contra a corrupção sistêmica que, segundo o ex-presidente, está profundamente enraizada no Brasil. Ele mencionou que, durante seu governo, enfrentou grandes esquemas criminosos que operavam no país, o que teria levado a um "estrangulamento" dessas redes ilícitas. Para Bolsonaro, isso provocou uma forte reação das forças políticas e econômicas que dominam o cenário nacional, resultando em uma campanha sistemática de perseguição contra ele e seus aliados mais próximos.


Diante de uma plateia vibrante, o ex-presidente relembrou sua vitória nas eleições de 2018, afirmando que essa conquista foi fruto de uma "falha no sistema". Segundo Bolsonaro, a elite política e os esquemas de poder não esperavam sua eleição, e seu triunfo representou uma ruptura com as práticas tradicionais de conchavos e acordos que, em sua visão, beneficiavam apenas os poderosos e prejudicavam a população brasileira. Ele destacou que sua ascensão ao poder foi uma surpresa para aqueles que estavam acostumados a manipular o sistema em benefício próprio.


Ao comparar diferentes formas de corrupção, Bolsonaro fez questão de traçar um paralelo entre dois tipos de "ladrões" que, segundo ele, atuam no Brasil. O primeiro grupo, que "rouba dinheiro", foi uma referência direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujos governos foram marcados por uma série de escândalos de corrupção, como o mensalão e a operação Lava Jato. Bolsonaro relembrou esses episódios para reforçar sua posição de crítica ao governo atual e à figura de Lula, a quem ele se recusa a reconhecer como legítimo presidente do Brasil. O ex-presidente voltou a declarar que, em 2023, ele jamais passaria a faixa presidencial para um "ladrão", retomando uma de suas declarações mais polêmicas.


O segundo tipo de corrupção mencionado por Bolsonaro foi o que "rouba o futuro e a liberdade", em uma clara crítica ao ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro, que já havia atacado o ministro em outras ocasiões, elevou o tom de suas críticas ao afirmar que Moraes, a quem se referiu como "ditador", estaria fazendo mais mal ao Brasil do que o próprio Lula. Na visão de Bolsonaro, as decisões de Moraes, que incluem ações contra apoiadores do ex-presidente e a aplicação de medidas consideradas autoritárias, como a suspensão de perfis nas redes sociais e a imposição de multas milionárias, representam uma ameaça direta à liberdade de expressão e ao futuro democrático do país.


A manifestação na Avenida Paulista contou com a presença de milhares de pessoas, que carregavam bandeiras do Brasil e cartazes pedindo o impeachment de Moraes. Entre os manifestantes, havia também um grande número de parlamentares e figuras políticas de destaque, muitos dos quais fazem parte da base de apoio de Bolsonaro. Ao longo do evento, diversas lideranças conservadoras discursaram, reforçando as críticas ao STF e endossando o pedido de impeachment de Moraes. O filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, também fez declarações fortes, chamando o ministro de "psicopata" e reiterando a necessidade de seu afastamento do cargo.


O ato deste 7 de setembro foi organizado em grande parte pelo pastor Silas Malafaia, uma das principais vozes do movimento evangélico no Brasil e aliado próximo de Bolsonaro. Malafaia tem sido um crítico feroz das ações de Alexandre de Moraes, especialmente no que diz respeito às investigações envolvendo apoiadores do ex-presidente. Nos últimos meses, o pastor tem intensificado suas críticas ao STF e liderado campanhas públicas em favor do impeachment de Moraes, alegando que o ministro age de forma autoritária e viola direitos fundamentais.


O discurso de Bolsonaro e o clima de insatisfação na Avenida Paulista refletem a crescente tensão política no Brasil, especialmente em relação ao papel do Supremo Tribunal Federal e sua influência nas decisões que afetam o cenário político nacional. A manifestação deste sábado foi mais uma demonstração de força do bolsonarismo e de sua base de apoio, que continua ativa e mobilizada, mesmo após quase dois anos desde o fim do mandato de Bolsonaro.


Com a intensificação das críticas ao STF e o fortalecimento do movimento pelo impeachment de Moraes, o cenário político brasileiro segue polarizado, com manifestações de ambos os lados. Enquanto Bolsonaro e seus apoiadores denunciam o que consideram ser um abuso de poder por parte do Judiciário, seus adversários veem nas ações de Moraes uma tentativa de proteger a democracia e manter o estado de direito no país. O futuro desse embate ainda é incerto, mas uma coisa é clara: a luta entre os poderes no Brasil está longe de terminar.

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