O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a demonstrar seu descontentamento com o empresário e candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), após o polêmico episódio envolvendo uma agressão física durante um debate transmitido pela TV Cultura. A situação ocorreu quando Marçal foi atingido por uma cadeirada desferida por José Luiz Datena (PSDB), outro candidato na disputa. Entretanto, o que gerou maior repercussão foi a tentativa de Marçal de comparar o ataque sofrido com o atentado a faca que quase tirou a vida de Bolsonaro em 2018, durante a campanha presidencial.
Bolsonaro não hesitou em manifestar sua indignação com a comparação feita por Marçal. Em suas redes sociais e durante conversas com apoiadores, o ex-presidente classificou a analogia como "lamentável" e "desrespeitosa". Segundo ele, a tentativa de Marçal de se equiparar a figuras como ele e Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, que também foi alvo de ataques, era uma clara tentativa de manipulação para angariar votos e popularidade. “Usar o episódio da cadeirada, que ele provocou, para buscar se comparar comigo, com o [tiro no ex-presidente dos EUA Donald] Trump, para conseguir o poder, é lamentável”, afirmou Bolsonaro.
A crítica de Bolsonaro não se restringiu apenas ao episódio da cadeirada. O ex-presidente também alertou seus seguidores e o eleitorado paulistano sobre os riscos de votar em Marçal. Para Bolsonaro, a postura de Marçal, ao provocar Datena "de forma vil", resultou diretamente na reação agressiva do jornalista e apresentador de TV. Bolsonaro fez questão de condenar a agressão, destacando que em sua visão, atos de violência não têm lugar na política e devem ser repudiados. No entanto, ele reiterou que Marçal havia incitado Datena, criando um clima propício para o incidente.
Após a agressão, Marçal recorreu às redes sociais para compartilhar imagens de sua ida ao hospital e relatar o episódio, intensificando a comparação entre o ataque sofrido e os atentados contra Bolsonaro e Trump. As publicações de Marçal, que mostravam os ferimentos e uma suposta recuperação hospitalar, tinham o claro intuito de sensibilizar o público e atrair simpatizantes. Entretanto, essa estratégia acabou gerando ainda mais críticas e dividindo a opinião pública.
Bolsonaro, por sua vez, não perdeu tempo em rebater as alegações de Marçal, afirmando que havia uma “diferença muito grande” entre o que aconteceu com ele e o que ocorreu com o empresário durante o debate. Segundo o ex-presidente, a facada que sofreu em 2018 foi resultado de um ataque orquestrado contra sua vida, enquanto a cadeirada em Marçal ocorreu dentro de um contexto de provocações e ofensas pessoais. Para Bolsonaro, é inaceitável que alguém tente usar a dor e o sacrifício de outra pessoa como trampolim político. Ele foi enfático ao dizer que essa atitude desqualifica Marçal como candidato a qualquer cargo público e pediu aos eleitores de São Paulo que não votassem nele.
Além disso, Bolsonaro fez questão de reafirmar seu apoio ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que está em busca da reeleição. Bolsonaro elogiou Nunes por sua gestão na capital paulista e destacou a importância de ter um líder competente e focado nos interesses da população. Para o ex-presidente, São Paulo é um dos estados mais importantes do Brasil, e a escolha de seu prefeito impacta diretamente o cenário político nacional. Ele pediu que os eleitores não se deixem enganar por fake news e provocadores, e que reflitam cuidadosamente sobre suas escolhas nas urnas. “Errar ao votar pode acontecer, mas escolher um candidato sabendo que será um erro é outra questão”, afirmou.
No decorrer de seu discurso, Bolsonaro destacou que pretende intensificar sua participação na campanha de Ricardo Nunes, especialmente agora, na reta final do primeiro turno das eleições. Ele afirmou que São Paulo precisa continuar avançando e que Nunes é o melhor nome para manter o progresso alcançado até agora. Essa sinalização de maior envolvimento do ex-presidente é vista como uma estratégia para alavancar a campanha de Nunes, já que Bolsonaro ainda detém uma grande base de apoio na capital paulista e em todo o estado.
A postura de Bolsonaro ao criticar Pablo Marçal reflete sua preocupação com a ascensão de candidatos que, segundo ele, não possuem a experiência ou o preparo necessário para assumir cargos de tamanha responsabilidade. Ele voltou a mencionar que, durante sua vida política, sempre defendeu a verdade e a transparência, valores que, em sua opinião, Marçal estaria distorcendo ao tentar manipular os fatos para benefício próprio.
A repercussão das declarações de Bolsonaro rapidamente ganhou as redes sociais, com apoiadores e críticos de ambos os lados se posicionando sobre o assunto. Enquanto alguns consideraram as críticas de Bolsonaro legítimas, outros defenderam o direito de Marçal de expor sua versão dos acontecimentos e de se manifestar sobre o ocorrido no debate.
Com o acirramento da campanha eleitoral em São Paulo, fica claro que as disputas não se limitarão apenas às propostas dos candidatos, mas também ao modo como cada um lida com os desafios e as controvérsias que surgem ao longo do caminho. Bolsonaro, ao "abrir fogo" contra Marçal, deixa claro que estará presente na disputa e que fará de tudo para impedir que o empresário avance na corrida eleitoral.