Desembargador Sebastião se pronuncia em meio a confrontos


O desembargador aposentado Sebastião Coelho, que tem atuado em defesa de presos políticos e indivíduos que têm sido alvo de medidas judiciais sob a jurisdição do ministro Alexandre de Moraes, se manifestou recentemente sobre o acirrado confronto entre o pastor Silas Malafaia e o candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal. A disputa entre os dois líderes vem gerando grande repercussão política e social, especialmente no contexto das eleições municipais que se aproximam.


Em uma série de declarações feitas em suas redes sociais, Sebastião Coelho alertou para o que ele chamou de um “mal-entendido” ocorrido em um evento realizado na Avenida Paulista, o qual, segundo ele, estaria proporcionando uma “trégua” de 21 dias ao ministro Alexandre de Moraes. O ex-desembargador mencionou que, durante esse período, acusações e desavenças entre Malafaia e Marçal têm chamado atenção, desviando o foco de uma causa que ele considera mais relevante para o país: a oposição às ações de Alexandre de Moraes e o movimento em torno de seu impeachment.


Sebastião Coelho foi enfático ao afirmar que, apesar de Malafaia declarar que não apoia o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, suas ações, ao atacar Marçal, acabam beneficiando diretamente a candidatura de Nunes. Segundo o desembargador, ambos os candidatos estão em busca de apoio dentro de um mesmo espectro político, e o desgaste da imagem de Marçal favorece indiretamente o atual prefeito. O principal ponto de crítica de Coelho, no entanto, foi o fato de que Nunes conta com o apoio de Gilberto Kassab, líder de um partido que possui significativa influência no Senado, mas que tem se mostrado relutante em apoiar o impeachment de Alexandre de Moraes.


O desembargador ainda questionou por que o pastor Silas Malafaia não faz cobranças diretamente a Kassab ou ao governador Tarcísio de Freitas, ambos apoiadores de Nunes. Para ele, a pressão deveria ser direcionada àqueles que, de fato, têm poder político e capacidade de influenciar questões cruciais, como o andamento do pedido de impeachment de Moraes. “Qual a cobrança que o pastor Silas fez ao Gilberto Kassab, ao governador Tarcísio e ao candidato Nunes? Que eu tenha conhecimento, nenhuma”, afirmou Sebastião Coelho.


A crítica de Coelho vai além do contexto político paulistano. Ele destacou que, embora não seja eleitor de São Paulo, o que está em jogo é uma causa nacional, referindo-se à luta contra o que ele considera abusos cometidos por membros do Supremo Tribunal Federal. Em apoio a essa ideia, ele mencionou os vídeos dos deputados Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, que têm instigado os eleitores a boicotarem candidatos ligados a Kassab. Para Sebastião Coelho, é necessário pressionar os senadores de forma direta para que se posicionem em relação ao impeachment de Alexandre de Moraes, e não dispersar energias em disputas internas no mesmo campo político.


Em tom conciliador, o desembargador também fez um apelo ao pastor Silas Malafaia para que interrompesse a briga com Pablo Marçal. Em suas palavras, essa disputa já teria se estendido por tempo demais, cansando todos os envolvidos. Ele afirmou que o foco deveria estar na causa maior, a defesa do Brasil, e não em divergências eleitorais locais. Para Coelho, “essa briga já deu, já cansou todo mundo. Nosso objetivo é outro, o foco é outro”.


Ainda em sua fala, Sebastião Coelho foi categórico ao se posicionar ao lado de Pablo Marçal. Ele declarou que discorda totalmente da postura adotada por Silas Malafaia e reiterou que nenhum líder evangélico tem o direito de influenciar ou controlar o voto dos cristãos evangélicos. “Eu sou um cristão evangélico e ninguém é dono do meu voto. E assim também será na cidade de São Paulo”, afirmou, sugerindo ao pastor que cessasse seus ataques a Marçal.


Sebastião Coelho também reforçou sua recomendação para que os eleitores assistam aos vídeos de Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, pois, segundo ele, esses materiais demonstram quem são os verdadeiros inimigos da causa nacional. Na sua visão, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, liderados por Alexandre de Moraes, estariam atentando contra os interesses do país.


Conhecido por sua postura crítica ao Supremo Tribunal Federal, Sebastião Coelho ganhou notoriedade ao anunciar sua aposentadoria em uma sessão pública do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Na ocasião, ele expressou seu descontentamento com as ações do STF e especificamente de Alexandre de Moraes. Para ele, o ministro teria feito uma “declaração de guerra ao País” durante sua posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, algo que Coelho afirmou não querer compactuar.


A postura combativa de Sebastião Coelho, aliada a suas críticas frequentes ao STF, continua a repercutir no cenário político nacional, especialmente em meio aos intensos debates sobre a atuação do Judiciário brasileiro e a polarização que domina o país.

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